10 maio 2024

Uma visão pós Marxista da Teoria do Valor 3 .- Parte 2

Valor, Capital, Preço e Enriquecimento Global da sociedade humana

Os pensadores e economistas modernos demonstraram que se seguirmos uma linha normal de incorporação do valor nos bens e serviços produzidos por uma sociedade, veremos os preços (valores comerciais diminuírem com o tempo. Isso deve-se ao facto de que a sociedade humana funciona numa lógica de poupança, ou seja de acumulação sustentada de valor se considerarmos grandes intervalos de tempo (tipicamente superiores a 1000 anos, nos últimos 10000 e intervalos10000 anos em épocas anteriores até cerca de duzentos mil A.C.
Contudo essa acumulação sustentada tem altos e baixos muito dependentes da demografia e das condições ambientais.


05 maio 2024

O custo total dos bens e serviços produzidos na era da 4ª Revolução Industrial

Nas fases anteriores da evolução da Humanidade os custos do desfrute dos bens e serviços (atualmente designados na gíria económica como custos de propriedade )  eram considerados como sendo apenas os custos de aquisição (custos de produção mais custos de armazenamento, mais custos de comercialização) e custos de manutenção durante a vida útil. Estes custos eram pagos na aquisição pela totalidade, no caso do custo de compra e eram pagos parcelarmente, durante a vida útil do bem ou serviço, no caso da ⁿmanutenção."
Atualmente, perante os efeitos que todos os povos sentem da temível herança de poluição e destruição ambiental que nos foi legada pelo sec. XX e a qual estámos a aumentar neste 1° quarto do séc XXI, já se incorporam nos custos  presentes (custos de aquisição e manutenção) também parte dos custos futuros da remoção da pegada, reciclagem e reconstrução da estabilidade ambiental.
O que se está a verificar é que as "taxas eco" termo autónomo na fatura que o consumidor paga, em muitos casos são insuficientes para custear a realização dos fins a que se propõem. Isto acontece porque são manifestamente sub-estimados os custos da remoção e reciclagem e, ainda, em muitos casos, não são considerados os custos da reconstrução da estabilidade ambiental.
Por exemplo: os custos da reconstrução da estabilidade ambiental, derivada do consumo de combustíveis fósseis, é uma soma gigantesca, cujo pagamento a nível das capacidades de produção atual da humanidade, consumirá o esforço das gerações de vários séculos e, apenas, se estas passarem a levar um estilo de vida frugal, extremamente regrado, não acrescentando mais poluição àquela que já existe e, além disso, planearem com muito cuidado o seu número, para que a sua permanência no planeta terra, não altere as condições ambientais de suporte à vida, como se tem feito até agora. Segundo os autores do livro One Earth4All, a Humanidade está a consumir recursos como se a superficie do nosso planeta fosse 20% maior.
A Humanidade para se desenvolver ao mesmo ritmo que se desenvolveu nos sec. IXX e sec. XX precisa de dispor de energia transformável a uma taxa no mínimo equivalente ao triplo do consumo anual da atualidade (dados de 2011). Ora, os recursos energéticos atuais têm sido maioritariamente suportados pelos combustíveis fósseis, (gás, petróleo e carvão) cujos custos de remoção dos lixos e da compensação dos seus efeitos ambientais, são mais de 10 vezes os custos atuais de comercialização ( cerca de 90 USD barril de petróleo). Isto significa que não estão a ser considerados estes custos e a energia que estamos a consumir, está a ser paga pela geração atual a cerca de 10% daquilo que deveria ser. Porém , alguém vai ter de pagar esses custos e os pagantes serão as gerações que atingirão a maioridade a partir desta data (2024) até pelo menos mais 70 anos, se, entretanto, não tivermos despoletado consequências ambientais ,fatais para a vida na terra tal como a conhecemos atualmente.
O desenvolvimento da consciência ambiental na população do sec XXI, em particular nas suas camadas jovens, não consegue muito mais do que trazer à luz do dia o problema dos enormes custos, determinados pelo o atual modo de vida em sociedade. Custos esses, constantemente escamoteados pela classe política e por uma maioria da classe capitalista. O seu pagamento foi propositadamente adiado e propositadamente transposto para asfuturas gerações  da Humanidade e dos outros seres vivos.
Contudo, os efeitos da destruição ambiental, das alterações climáticas e a perda da biodiversidade começam a ser tão catastróficos (aquecimento global, fenomenos climáticos extemporâneos  extremos, desastres em centrais  atómicas, etc.), que começa a ser difícil à classe política esconder a fatura.
As gerações presentes, desde os adolescentes até aos reformados idosos, têm de tomar consciência que o usufruto dos bens e serviços da sua comodidade não têm apenas os custos de aquisição e manutenção têm também os custos da reconstrução da estabilidade ambiental ( reciclagem e outros) e que para esses custos serem comportáveis para todos: gerações presentes e futuras, temos de basear o nosso modo de estar no mundo em três erres : Reduzir, Reutilizar, Reciclar. Temos de mudar o atual modo de produção capitalista que por definição é uma economia não planificada, de sistema aberto, de pressupostas fontes de energia e matérias primas inesgotáveis e ilimitada capacidade de absorção de detritos, para um modo de produção com uma economia de sistema fechado - a economia circular, que, pela sua natureza de economia fechada, tem de ser uma economia muito bem planficada ao nível do consumo, tanto em quantidades, como em tipos permitidos de consumíveis.
Contudo ao nível da produção e distribuição, pode ser uma economia de mercado concorrencial com um mínimo de regulaçao.
O tempo das coisas descartáveis, do consumo sem regra e da elevação do dinheiro ao estatuto de deus, tem os seus dias contados. Esperemos que não seja já demasiado tarde...

02 maio 2024

O primeiro de Maio 50 anos depois de ser libertado.

Parece que estamos a viver num mundo virado do avesso. 
Cito as mensagens da minha filha M D Subida (1), no diálogo que tivemos sobre o tema apesar de estarmos em continentes diferentes:
..... "Um abraço de primeiro de maio, para celebrar o dia em que o pensamento ocidental trata de convencer-nos de que só trabalhando, temos dignidade.
 Eu não estou de acordo. Cada ser humano deveria ser livre para escolher o que quer fazer da sua vida, e ser responsável pelas suas escolhas. 
Mas, infelizmente, não construímos uma sociedade que nos permita ser  responsáveis, em plena liberdade , através do amor e da educação.
 Portanto, o meu abraço é para lembrar que antes de sermos trabalhadores, somos natureza consciente. 
O trabalho sem consciência pode converter-nos em autómatos: tiranos ou escravos. Beijos 😘"
E então porque é que me parece que o mundo está virado do avesso?
 No debate, hoje, na SIC notícias, com participação de João Duque e João Maria Jonet, sobre: o trabalho, as remunerações e o sindicalismo, já se  discute abertamente a robotização e os postos de trabalho sem pessoas.
Eu já tinha feito perguntas sobre este tema, a um painel de eurodeputados , numa conferência que eles deram na U.P.  em 2017 .
Até aqui não há novidade. A  novidade foi o assunto ser tratado num meio de comunicação docial generalista. E , acima de tudo, o painel defender que devem ser os governos ocidentais, a dar prioridade a políticas de revitalização dos sindicatos.
E também, a defender que a formação e atualização dos trabalhadores, resultante das mudanças tecnológicas, deve ser deve ser feita desligada do posto de trabalho. 
Tudo isto às claras , em horário nobre, enquando num quadrante do ecrã, eram mostradas imagens das manifestações em várias cidades em Portugal e no mundo.
M D Subida respondeu: 
"Também acho lógico e até saudável, se for bem conduzido. A especialização só nos trouxe vantagens, em quadros de escravidão."
Continuei: 
Certo! O que achei  estranho foi o apelo aos governos neoliberais Europeus, para liderarem a revitalização  do papel dos sindicatos. No fundo eles sempre foram inimigos.
Porquê esta mudança súbita de atitude?
 Para pedirem ajuda e apoiarem os inimigos tradicionais, é porque prevêem algo muito mais perigoso. 
Como diz o ditado " Quando a esmola é grande , o pobre desconfia." Não achas?
MD Subida no Chile: 
"Ontem aprendi que no Chile, a estratégia neoliberal para desarticular os sindicatos, não foi acabar com eles. Pelo contrário! Defeniu-se que fossem aplicados à letra, os acordos vinculantes entre patrões/governo e trabalhadores, mediados pelos sindicatos. Portanto, se todos se beneficiavam através da luta de 2 ou 3, para quê sindicalizar-se? Portanto, deixar a revitalização síndical nas mãos do capitalismo extremo, é, para mim, uma tentativa clara de "controle" legitimado pelos mesmos que estão a ser controlados”.'
Argumentei: 
Essa razão eu vejo. Contudo, parece-me que nos estão a esconder. algo mais complexo, que está por trás desta proposta.
Outra coisa: Já viste , que a desigualdade salarial H-M é mais expressiva nas profissões mais qualificadas, excetuando as de trabalhos rurais. Esperava-se que nas profissões que exigem estudos universitários ou nas altas hierarquias, o desnível fosse menor, mas o estudo apresentado mostrou exatamente o contrário.   Todos os especialistas se interrogam: Porquê?
MD Subida:
Uma das coisas que trouxe a propriedade privada à vida humana, que parece ter nascido há 12000 anos, com a revolução tecnológica e social da transformação dos caçadores recoletores nómadas, em  agricultores sedentários, foi a supressão do feminino.
O capitalismo é ponto mais alto da sua instalação como regra na nossa  sociedade. Não me surpreende, portanto, que os patrões em Portugal ainda se mantenham fieis ao paradigma antigo."
.......
(1) https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://cl.linkedin.com/in/mariadulcesubida&ved=2ahUKEwj44siv6--FAxXPhf0HHQARC6gQjjh6BAgOEAE&usg=AOvVaw2afM_xDL2ReW9rM758woTs