Nos grandes processos de mudança em
qualquer tipo de organização: seja um ecossistema completo, seja
uma simples empresa, constata-se que há sempre uma grande alteração
da diversidade em termos de componentes internos da organização
enquanto se processam as alterações na sua estrutura. Para se
entender as razões dessa alteração será necessário
debruçarmo-nos primeiro sobre a evolução das organizações.
Todas as organizações vivas existem
num ambiente de competição por recursos escassos. Isso implica
concorrência ou seja, há elementos que sobrevivem íntegros e
outros que morrem ou mudam.
Num ambiente estável, são condições de sobrevivência, características
como:
- maior tamanho,
- maior rapidez,
- maior eficiência no uso dos recursos (no fundo maior eficiência económica)
- maior inteligência ou maior versatilidade ou multifuncionalidade,
A adaptação evolutiva mais frequente
nos seres vivos ou nas organizações é o crescimento. Organizações
maiores têm ganhos de “economia de escala” e ficam menos
vulneráveis ao ataque de concorrentes e predadores. No fundo por
aplicação da “lei dos grandes números”, as consequências dos
erros são estisticamente menos destrutivas. Diz-se que os grandes
seres ou as grandes organizações têm mais inércia, resistindo a
qualquer condição de mudança.
Contudo nem sempre isso é acompanhado
de preservação da rapidez de reação ou de multifuncionalidade. Na
maior parte das vezes, à medida que os seres ou organizações se
tornam grandes e conseguem posições de monopólio ou de super
predadores, reforçam-se apenas algumas das características por
aumento da especialização, perdendo-se funcionalidade na maioria
maioria das outras. Isto corresponde a uma diminuição da
diversidade interna. Os seres ou organizações estão perfeitamente
adaptados e respondem com eficácia às ameaças e desafios
conhecidos.
No entanto o seu comportamento perante
ameaças desconhecidas conduz muitas vezes a respostas desadaptadas e
frequentemente com consequências fatais para a sobrevivência.
É interessante também notar-se que
quando não existe competição externa fica exacerbada a competição
interna. Quando a concorrência interna se torna a competição
dominante, começam a aparecer os custos dessa competição
refletindo-se na eficiência global, anulando muitas vezes as
vantagens da economia de escala conseguida pelo aumento de tamanho.
Nestas circunstâncias ser grande é mais caro ou consome mais recursos.
Isto é o caso típico dos estados ( suas empresas e organizações) e dos monopólios internacionais,
cujos custos por peça ou por operação de serviços estão muito
longe do valor otimizado que se consegue por exemplo nas PME. Isto dá
razão à “vox populi” : “- Um euro na mão particular vale
muito mais do que na mão pública”.
É um facto curioso que quer os
estados quer as empresas monopolistas (em especial as internacionais
de capital disperso ou público em terminologia americana ) são
governados pela mesma classe de pessoas: a “Classe Política”
Quando uma organização perde
eficiência económica e diversidade, fica vulnerável às mudanças
do ambiente económico ou social (por exemplo mudança de moda ou
mudança de ciclo tecnológico). Nessas circunstâncias algumas
empresas e organizações iniciam por razões internas ou externas um
processo de mudança estrutural com:
- Emagrecimento - diminuição de postos de trabalhos e estrutura orgânica mais simplificada e polivalente.
- Deslocalização – colocação noutros países ou noutras localidades do mesmo país a produção de certos bens e serviços de modo a minorar o custo por peça ou por operação.
- Fracionamento - Divisão de uma grande empresa monopolista em várias empresas de menor dimensão que passam a atuar de forma concorrencial nos mesmos mercados.
- Diversificação de mercados – colocando força de vendas a atuar em novos mercados fora da sua área geográfica
- Diversificação de produtos – produzindo novos produtos ou novos serviços em função das preferências de consumo ou disponibilidades tecnológicas.
Em suma:
adaptações que aumentam a diversidade nas organizações
permitindo-lhes uma maior eficiência e uma vantagem na luta pela
sobrevivência.
Contudo
existe uma situação designada por crise
em que se verifica uma extinção em massa
de empresas ou organizações com perda de diversidade global tanto
em número de produtos e serviços como em número de empresas. Isso
não se passa apenas nas organizações económicas ou sociais,
passa-se também nos seres vivos e nas suas organizações: os
ecossistemas.
As crises são
quase sempre derivadas de condições ambientais :
- novas tecnologias
- novas preferências de consumo poluição do sistema económico, social e político
- recentemente poluição do sistema financeiro como sistema que garante a produção e circulação dos símbolos de valor ou moeda
- catástrofes naturais
- guerras
- falhas globais na renovação de gerações
- falhas
globais na renovação e reprodução de capital
A recuperação de uma crise demora em geral muito em termos de ciclos biológicos ou económicos e na realidade muitos anos de calendário. Felizmente para o nosso país que penso que a atual crise terá uma recuperação bem mais rápida do que a da época da extinção dos dinossáurios.