11 julho 2012

Mudança e Diversidade


Nos grandes processos de mudança em qualquer tipo de organização: seja um ecossistema completo, seja uma simples empresa, constata-se que há sempre uma grande alteração da diversidade em termos de componentes internos da organização enquanto se processam as alterações na sua estrutura. Para se entender as razões dessa alteração será necessário debruçarmo-nos primeiro sobre a evolução das organizações.
Todas as organizações vivas existem num ambiente de competição por recursos escassos. Isso implica concorrência ou seja, há elementos que sobrevivem íntegros e outros que morrem ou mudam.
Num ambiente estável, são condições de sobrevivência, características como:
  • maior tamanho,
  • maior rapidez,
  • maior eficiência no uso dos recursos (no fundo maior eficiência económica)
  • maior inteligência ou maior versatilidade ou multifuncionalidade,

A adaptação evolutiva mais frequente nos seres vivos ou nas organizações é o crescimento. Organizações maiores têm ganhos de “economia de escala” e ficam menos vulneráveis ao ataque de concorrentes e predadores. No fundo por aplicação da “lei dos grandes números”, as consequências dos erros são estisticamente menos destrutivas. Diz-se que os grandes seres ou as grandes organizações têm mais inércia, resistindo a qualquer condição de mudança.
Contudo nem sempre isso é acompanhado de preservação da rapidez de reação ou de multifuncionalidade. Na maior parte das vezes, à medida que os seres ou organizações se tornam grandes e conseguem posições de monopólio ou de super predadores, reforçam-se apenas algumas das características por aumento da especialização, perdendo-se funcionalidade na maioria maioria das outras. Isto corresponde a uma diminuição da diversidade interna. Os seres ou organizações estão perfeitamente adaptados e respondem com eficácia às ameaças e desafios conhecidos.
No entanto o seu comportamento perante ameaças desconhecidas conduz muitas vezes a respostas desadaptadas e frequentemente com consequências fatais para a sobrevivência.
É interessante também notar-se que quando não existe competição externa fica exacerbada a competição interna. Quando a concorrência interna se torna a competição dominante, começam a aparecer os custos dessa competição refletindo-se na eficiência global, anulando muitas vezes as vantagens da economia de escala conseguida pelo aumento de tamanho. Nestas circunstâncias ser grande é mais caro ou consome mais recursos.
Isto é o caso típico dos estados (  suas empresas e organizações) e dos monopólios internacionais, cujos custos por peça ou por operação de serviços estão muito longe do valor otimizado que se consegue por exemplo nas PME. Isto dá razão à “vox populi” : “- Um euro na mão particular vale muito mais do que na mão pública”.
É um facto curioso que quer os estados quer as empresas monopolistas (em especial as internacionais de capital disperso ou público em terminologia americana ) são governados pela mesma classe de pessoas: a “Classe Política”
Quando uma organização perde eficiência económica e diversidade, fica vulnerável às mudanças do ambiente económico ou social (por exemplo mudança de moda ou mudança de ciclo tecnológico). Nessas circunstâncias algumas empresas e organizações iniciam por razões internas ou externas um processo de mudança estrutural com:
  • Emagrecimento - diminuição de postos de trabalhos e estrutura orgânica mais simplificada e polivalente.
  • Deslocalização – colocação noutros países ou noutras localidades do mesmo país a produção de certos bens e serviços de modo a minorar o custo por peça ou por operação.
  • Fracionamento - Divisão de uma grande empresa monopolista em várias empresas de menor dimensão que passam a atuar de forma concorrencial nos mesmos mercados.
  • Diversificação de mercados – colocando força de vendas a atuar em novos mercados fora da sua área geográfica
  • Diversificação de produtos – produzindo novos produtos ou novos serviços em função das preferências de consumo ou disponibilidades tecnológicas.
Em suma: adaptações que aumentam a diversidade nas organizações permitindo-lhes uma maior eficiência e uma vantagem na luta pela sobrevivência.
Contudo existe uma situação designada por crise em que se verifica uma extinção em massa de empresas ou organizações com perda de diversidade global tanto em número de produtos e serviços como em número de empresas. Isso não se passa apenas nas organizações económicas ou sociais, passa-se também nos seres vivos e nas suas organizações: os ecossistemas.
As crises são quase sempre derivadas de condições ambientais :
  • novas tecnologias
  • novas preferências de consumo poluição do sistema económico, social e político
  • recentemente poluição do sistema financeiro como sistema que garante a produção e circulação dos símbolos de valor ou moeda
  • catástrofes naturais
  • guerras
  • falhas globais na renovação de gerações
  • falhas globais na renovação e reprodução de capital
A recuperação de uma crise demora em geral muito em termos de ciclos biológicos ou económicos e na realidade muitos anos de calendário. Felizmente para o nosso país que penso que a atual crise terá uma recuperação bem mais rápida do que a da época da extinção dos dinossáurios.