24 dezembro 2019

O gato Schrodinger 4


Schrodinger 4 - O Presépio
(conto de Natal em honra dos meus gatos Floco e Cacau recentente falecidos com quase 17 anos)

A noite de Natal, para mim, é sempre uma noite mágica. Desde menino que ficava encantado a ver o presépio a representar o nascimento de Jesus, que na nossa casa ficava usualmente ao lado do pinheiro do Natal, ornamentado com luzes e neve artificial e encimado com a estrela dos reis magos.
Contudo, era com grande tristeza e alguma revolta, que olhava para esta estrela, desde que há uns anos o meu gato me disse que essa estrela que os reis magos viram, foi a explosão do sol que destruiu o planeta dos gatos e matou a sua mãe.
Nunca consegui entender os desígnios de um Deus que para anunciar o nascimento do Seu Filho milhares de anos mais tarde, deixou explodir um sol para queimar uma civilização tão avançada, de seres tão bondosos como os gatos da espécie do Schrodinger.
Olhava para o presépio já não com o encantamento da infância mas com o maravilhar de adolescente cheio de dúvidas. 
Porque seria que se representava sempre Jesus nascido, deitado numa manjedoura com palha e com uma vaca e um burro ao seu lado? Eu achava que tendo nascido numa região de pastores na Palestina, o mais natural é que esse curral de animais fosse de ovelhas. Tinha de perguntar ao Schrodinger o que é que ele pensava disso, pois o meu gato é um poço de sabedoria.
Como que adivinhando os meus pensamentos ele apareceu de súbito ao meu lado, vindo do nada como sempre fazia. 
–“Esse presépio representa mal o nascimento do vosso Deus!”- disse o meu gato Schrodinger. –“Como assim? Então Jesus não nasceu num curral de animais?” – Interroguei-o eu admirado por ele antecipar as minhas dúvidas.
– “ Sim, Jesus nasceu num curral de animais, mas a representação que vocês fazem não está correta. Não havia vaca e falta um gato e as ovelhas junto à manjedoura”- respondeu-me ele.
- “ Como sabes?” - interroguei-o eu .
A sua resposta veio após uma pequena pausa. Se Schrodinger fosse humano diria que ficou com a voz embargada. 
– “Eu estava lá! “.
A resposta deixou-me estupefacto. Eu sabia que o Schrodinger tinha vivido muito, mas não imaginava que tivesse assistido ao nascimento de Jesus. 
–“Como sabias que ia nascer ali o Salvador do mundo?”-Perguntei.
Schrodinger respondeu-me com simplicidade:- “ Nós, os gatos, mantemos vigilância sobre todos os planetas conhecidos onde haja seres vivos . A vida é tão rara e tão preciosa, que procuramos impedir circunstâncias que interrompam qualquer caminho que a vida encontre. E, neste planeta, além de ter nascido vida, esta já se tornou inteligente, o que ainda é mais raro. A mim está-me atribuída a vigilância deste quadrante da galáxia e estou muito orgulhoso de poder seguir a evolução da humanidade. 
Conheço todas as civilizações da Terra e naquele tempo também já conhecia as crenças e profecias da religião judaica. Eu sabia que naquela época estaria para nascer o esperado Messias. Só não tinha relacionado com o facto de esse ser o tempo da chegada à terra, da luz da supernova que destruiu o sistema solar dos gatos. Contudo quando vi a supernova, fez-se luz na minha mente. A luz apontava diretamente o curral de Belém no momento da sua chega à terra. Era só fazer algumas contas e localizava-se o curral de forma mais precisa do que vós com o vosso GPS.
Assim cheguei ao curral apenas alguns segundos depois de Jesus ter nascido. Lá só estavam: eu, o burro que transportava a Nossa Senhora, as ovelhas, o menino Jesus, Maria e José. Os pastores desse rebanho estavam a dormir nesse momento. ”
Eu estava boquiaberto, não tinha palavras para expressar a minha admiração. Depressa recuperei a presença de espírito e perguntei: 
-“Schrodinger! Tu que estás em toda a parte e sabes quase tudo, diz-me porque é que o Deus menino se fez homem? Sempre pode ser verdade que veio para salvar a humanidade?”
-“Não sei!” - respondeu-me o meu gato. “A mim dois mil anos depois, ainda me parece que Jesus veio a este mundo para transmitir uma informação importante aos gatos. Só que eu ainda não consegui entendê-la.”
-“Schrodinger! Será que Jesus veio ao mundo para confirmar que todos somos iguais perante Deus?”
A resposta do meu gato foi muito enigmática: - “Não sei! Mesmo para mim, os desígnios de Deus são insondáveis”
Nesse momento decidi-me a entrar por um caminho sem retorno. Iria procurar entender a mensagem de Deus  durante toda a minha vida.

27 agosto 2019

URBANISMO E PEGADA ECOLÓGICA - 3

Urbanismo e pegada ecológica (Parte 3)

Uma das vias para se conseguir controlar ou mesmo diminuir a pegada ecológica em ambiente urbano é aplicar o conceito de “Cidades Inteligentes” (Smart-Cities) ao planeamento e gestão da cidades.
As cidades atuais são aglomerados muito complexos de infraestruturas interligadas em rede, destinadas a suportar a vida das pessoas em todas as sua vertentes. As principais classes de redes necessárias ao seu bom funcionamento são:
- as redes de transporte (viário, ferroviário, marítimo e aéreo)
- a rede habitacional ( casas, comércios, fábricas, hospitais, escolas, serviços públicos, etc)
- as redes de energia (eletricidade, combustíveis, etc)
- as redes de abastecimento (de água; de alimentos; de matérias primas, etc)
- as redes de tratamento dos detritos (esgotos, lixo, etc)
- a rede de produção de bens e serviços ( tecido económico )
- a rede de governação (gestão dos recursos e das pessoas)
Estas redes garantem a mobilidade de pessoas, bens, serviços e capitais caraterísticas das sociedades abertas modernas. A sua gestão requer recursos avançados de recolha (sensores), transmissão (redes de telecomunicações ) e processamento (máquinas e algoritmos) de dados.
Se definirmos como objetivos da gestão das infra-estruras urbanas a promoção de :
- um modo de vida humanizado com equilíbrio entre o tempos de trabalho, de lazer e de descanso
- uma economia sustentável
- um impacto mínimo no ambiente
Facilmente deduzimos a necessidade do uso de algoritmos especializados na recolha e processamento de quantidades gigantescas de dados, capazes de dotar a gestão humana de instrumentos e meios automáticos de decisão e atuação. Esses algoritmos são aquilo que em linguagem comum moderna se costuma designar por inteligência artificial (IA).
Por sua vez a rede de comunicação de dados mais usada é a Internet (das pessoas que interliga utilizadores humanos e a Internet das coisas - IOT, que interliga as máquinas). A rede de comunicações móveis que suporta a comunicação entre telemóveis, para acomodar as necessidades de comunicação das cidades inteligentes deve ser da 5ª geração (5G) que só começa agora a ser implementada.
É esta junção da rede de sensores que recolhem os dados, com os algoritmos inteligentes que os processam e com a gestão humana que define as estratégias, que determina a inteligência das cidades e a sua aptidão para a prossecução dos objetivos enunciados: modo de vida humanizado, economia sustentável e pegada ecológica mínima.
Segundo o site http://www.smart-cities.eu/?cid=5&city=47&ver=3 (onde podemos ver uma comparação de Coimbra com outras cidades europeias semelhantes) são seis os parâmetros pelos quais aí se avalia a “inteligência” no urbanismo:
- Economia
- População
- Estilo de vida
- Mobilidade
- Ambiente
- Governação

(Imagem do site tirada em 19-07-2019)
O gráfico mostra que os resultados são desfavoráveis à parte portuguesa, quer na comparação entre as 3 cidades, quer em relação à média europeia, o que significa que temos um longo caminho a percorrer na diminuição da nossa pegada ecológica e na gestão eficiente das nossas vidas na cidade.
Se tivéssemos indicadores para comparação da cidade da Póvoa de Varzim com outras cidades portuguesas poderíamos dizer com propriedade quão “bom é viver aqui!”
Na falta desses indicadores gerais apenas poderemos analisar alguns caminhos possíveis que apontem na direção correta e verificar seu nível de implementação aqui na nossa cidade.
Vamos analisar alguns itens nos quais cremos que a evolução dos resultados  aponta no sentido da melhoria.
O primeiro parâmetro analisado diz respeito aos resíduos (lixos domésticos, agrícolas e industriais assim como produção de CO2.)
O nosso estilo de vida, claramente integrado na sociedade de consumo atual: a sociedade do descartável, é altamente produtor de resíduos.
De acordo com a publicação no site da Lipor (https://www.lipor.pt/pt/sustentabilidade-e-responsabilidade-social/projetos-de-sustentabilidade/compras-publicas/pegada-ecologica/ consultada em 19-07-2019):

“ A sociedade atual carateriza-se por padrões de consumo exagerados e pela inadequada gestão dos recursos naturais, colocando em risco as gerações futuras. É urgente para o bem comum não gastar mais do que o estritamente necessário no nosso dia-a-dia, de forma a minimizar os desperdícios e, consequentemente, a produção de resíduos ”

Ou seja o objetivo imediato deve ser atingir os 3M (menos resíduos, menos carbono, mais clima)
Nas cidades inteligentes, a gestão dos resíduos que não se possam evitar,  tem de ser pensada de raiz, logo na concepção da estrutura da rede de serviços comuns a prestar pelo município aos seus cidadãos.
Os resíduos podem ser:
- reciclados; (recondicionados ou transformados para o fim original),
- reutilizados (como matéria prima para outros fins);
- armazenados e confinados (guardados em sarcófagos seguros posicionados em locais que não constituam perigo para o ambiente)

Mas em primeiro lugar têm de ser recolhidos!
É aqui que se completa a primeira fase do planeamento urbano: a educação cívica dos cidadãos que se iniciou com a formação de uma mentalidade de consumo responsável.
Esses cidadãos inteligentes (smart people) são um componente base das cidades inteligentes e um dos parâmetros normalmente avaliados nos "rankings" como acontece no sitio referido atrás (www.smart-cities.eu).
Sem "cidadãos inteligentes", com elevada formação e sentido cívico, de pouco valem as infraestruturas das redes urbanas e pouco consegue fazer a gestão municipal mesmo que disponha já dos recursos técnicos e humanos adequados.
O município da Póvoa de Varzim em colaboração com a LIPOR tem feito um esforço tanto no sentido da promoção da reutilização (caso dos sacos plásticos), quanto no sentido da separação e recolha seletiva dos resíduos (projeto de recolha seletiva em curso no centro urbano).
Adicionalmente, com promoção das ações de sensibilização nas escolas tentam envolver as crianças e os adolescentes na responsabilização coletiva pelo ambiente.
Podemos argumentar que este esforço é ainda insuficiente, mas mesmo reconhecendo essa insuficiência, considero que se está no bom caminho para sedimentar na população uma mentalidade ecológica.
A segunda questão que merece reflexão dentro deste tema são os resíduos de origem agrícola. Na nossa região como noutras do litoral Português pratica-se uma agricultura intensiva tanto de hortícolas, como de milho e forragens para alimentação de vacas leiteiras em regime de estábulo. Aqui é feito um uso intensivo de pesticidas químicos que pelo uso continuado e às vezes descontrolado, contaminam os solos e as águas subterrâneas. Por sua vez o uso de espécies vegetais transgénicas ou exóticas, contamina a genética dos ecossistemas autóctones, geralmente diminuindo a biodiversidade e instalando espécies invasoras de difícil erradicação.
As águas residuais não tratadas (águas chocas) das vacarias que regularmente os lavradores lançam na terra como adubo, além de provocarem uma intensa poluição olfativa, contribuem fortemente para a contaminação dos lençóis freáticos.
Este tipo de agricultura deixa uma pegada ecológica muito intensa e bastante nociva, pelo que urge procurar soluções para os problemas que levanta.
Outro grande componente dos resíduos urbanos é o dióxido de carbono produzido pela atividade industrial e pelos transportes rodoviários em especial os veículos de transporte individual. Embora a poluição atmosférica na nossa cidade não seja alarmante e a qualidade do ar seja quasse sempre boa, devemos melhorar a oferta de transporte coletivo e promover ativamente o uso dos veículos elétricos para acompanhar a descarbonização da economia preconizada pelas Nações Unidas.
Como se vê pelo exposto anteriormente mesmo numa cidade cujo lema é: "É bom viver aqui!" ainda há um longo caminho a percorrer no sentido da minimização da pégada ecológica, mesmo pela via das cidades inteligentes.
Como nota final recordo a notícia veiculada por quase todos os orgãos de comunicação social no dia 29 de Julho de 2019. A totalidade dos recursos do planeta disponíveis para um uso regrado durante um ano foi consumida até até esse dia, sendo que a quota desses mesmos recursos alocada aos países mais desenvolvidos entre os quais Portugal se pode incluir foi consumida até ao fim de Maio passado. Para garantirmos a sobrevivência da vida da humanidade e da nossa civilização precisaríamos de quase duas terras e meia. É um facto muito preocupante que demostra que tem de ser feito um esforço muito maior do que o atual na educação ambiental das pessoas, de modo a que a população urbana possa ser considerada ambientalmente inteligente (smart people).

URBANISMO E PEGADA ECOLÓGICA - 2

Urbanismo e  pegada ecológica (Parte 2)
O rasto que a atividade de cada um de nós deixa no planeta, na nossa passagem por este mundo, chama-se pegada ecológica. Esse rasto tem muitos componentes que se podem agrupar em várias classes para conveniência de análise. Um dos agrupamentos usados mais frequentemente é:
- a classe do uso de superfície produtiva para fins alimentares e de residência (terra e mar)
- a classe dos gastos de energia
- a classe dos resíduos e lixos produzidos (construções e artefatos )
- a classe da influência na biodiversidade
A pegada ecológica é atualmente objeto de um estudo intensivo em todo o mundo muito por causa da iminente catástrofe climática que o planeta enfrenta e cujas consequências já começam a fazer-se sentir no imediato em muitos países, incluindo Portugal.
Esta é uma das principais razões pelas quais as gerações mais jovens começam a demonstrar uma maior consciência ecológica e abraçam cada vez mais os movimentos cívicos e políticos que têm as causas ambientais como principal motivo dos seus programas de ação.
Ao nível do urbanismo muitos foram os erros cometidos no passado no planeamento muitas cidades e que em alguns casos, infelizmente ainda continuam a ser cometidos no presente.
A urbanização dos seres humanos foi muito acentuada nos dois últimos séculos levando a que atualmente cerca mais de 54% viva em cidades que se estão a tornar cada vez maiores. (dados das Nações Unidas www.unric.org/pt/....)
A concentração da população nas cidades pode erroneamente levar-nos a pensar que isso diminui o impacto no ambiente derivado a parecerem menores as deslocações e consumo de energia relativamente ao habitat disperso. Na realidade passa-se exatamente o contrário: o consumo energético derivado da mobilidade profissional e de lazer, aliado ao uso mais intenso de máquinas no apoio à atividade económica da sociedade de consumo, faz com que a pegada de cada cidadão tenda a crescer em vez de apresentar a tão almejada diminuição.
Existem calculadoras on-line que nos permitem conhecer a nossa pegada ecológica em termos superfície de terra equivalente para  satisfazer as nossas necessidades de consumo de forma sustentável. Os dados para essa calculadora são enviados respondendo a um questionário sobre os nossos hábitos de consumo. Podemos encontrar essa calculadora em vários sítios da internet como os do exemplo abaixo.
Além desses há também cidades (por exm: Guimarães ) que têm uma versão da calculadora adaptada às suas condições particulares, permitindo resultados com maior grau de precisão. (https://www.cm-guimaraes.pt/p/calc_pegada_ecologica)
Exemplos de sítios onde se pode calcular a pegada ecológica:
www.myfootprint.org
footprint.wwf.org.uk
www.pegadaecologica.org.br
Os resultados médios obtidos nos países mais desenvolvidos indicam que se todos os seres humanos consumissem como nós precisaríamos de mais de 1,6 Terras para sobreviver.
A consciência deste facto tem levado cada vez mais responsáveis políticos e dirigentes de organizações sociais a implementar programas para tentar reverter esta situação em vários dos capítulos mais prejudiciais da atividade humana.
No capítulo da mobilidade urbana a União Europeia tem um programa específico de incentivo ao uso da bicicleta e ao incremento da deslocação da mobilidade pedonal: o programa TRACE .(http://h2020-trace.eu).
 São várias as cidades portuguesas que desenvolvem projetos de largo alcance no âmbito da redução do uso de veículos alimentados a combustíveis fósseis. A Póvoa de Varzim é uma delas.
Ainda recentemente numa entrevista na TV Porto Canal, durante as Festas de S. Pedro o Presidente da Câmara reforçou publicamente que um dos componentes estratégicos da concretização do lema "É bom viver aqui!" é organizar a atividade na cidade de modo a potenciar a mobilidade pedonal e em bicicleta, reduzindo assim já no presente e para o futuro, a pressão dos veículos a motor sobre a cidade.
A intenção é de louvar, contudo a nossa cidade tal como a maiorias das outras, não foi pensada de raiz para ser assim e então temos de fazer contas sobre quanto nos custa essa reorganização do ambiente e da nossa atividade urbana e calcular a verba necessária para esse investimento no futuro. Conhecidos os montantes em causa e a capacidade de produção de valor da geração presente e das próximas gerações futuras, podemos estimar em quantas "prestações" geracionais, podemos pagar a tão desejada evolução.
Os cálculos mais otimistas baseados no pressuposto de não haver guerras nem grandes catástrofes naturais e de que a produtividade do trabalho cresça muito mais do que o nível de consumo das populações, apontam para lá de 2100 o atingir dessa meta. Ora como esta data já está na zona de alerta vermelho ambiental, corremos o risco de naufragar mesmo à beira da praia.
Mais um facto a chamar a nossa atenção para a necessidade da mudança imediata de hábitos individuais e procedimentos  e projetos coletivos.
Para que os nossos filhos e netos também possam dizer que: "É bom viver aqui!" temos de repensar o urbanismo. No próximo artigo iremos abordar uma das vias para um novo urbanismo, amigo das pessoas e da natureza, consubstanciado no conceito de "Cidades Inteligentes" (Smart Cities http://smart-cities.pt). 

26 agosto 2019

URBANISMO E PEGADA ECOLOGICA - 1

URBANISMO E PEGADA ECOLÓGICA -1
Na política e nos negócios é costume dizer-se que não há almoços grátis, o que significa que tudo, mesmo tudo, sejam bens sejam serviços, tem um custo que tem de ser pago por alguém.
Todos os seres vivos, pelo simples facto de existirem, constituem um risco e um encargo para todo o ambiente inanimado ou animado que os rodeia, pois consomem recursos que são globalmente limitados e produzem resíduos que além de não servirem para eles, podem ser ainda prejudiciais para os outros.
Na atividade dos seres humanos em sociedade, o estudo da utilização dos recursos está maioritariamente atribuído à economia e esta disciplina ensina-nos que qualquer recurso tem três classes de custos: 
- O custo de aquisição: aquilo que o consumidor paga para obter a posse ou o usufruto dos bens ou serviços.
- O custo de posse ou de exploração: aquilo que se tem de pagar ao longo do ciclo vida útil do bem ou serviço, para o poder usufruir em pleno. (impostos, manutenção, reposição de consumíveis, etc)
- O custo de reposição das condições iniciais: aquilo que alguém (o consumidor, a sociedade , ou o ambiente) tem de pagar para garantir a continuação da existência dos recursos, da sociedade e da vida. Este último custo também costuma ser designado por custo do apagamento da pegada ecológica. 
O pagamento dos dois primeiros custos está muito bem regulamentado e constitui prática corrente socialmente aceite nas sociedades modernas. Já o custo do apagamento da pegada ecológica é um custo que as pessoas e os governos, em espacial nos últimos dois séculos, se têm furtado a pagar, deixando o seu valor acumular sobre a forma de dívida que é transmitida sistematicamente como herança às gerações seguintes.
 Como e quando vamos pagar essa dívida? Aqui é que está o busilis da questão ambiental. 
É do senso comum atual que quando se posterga uma dívida para pagamento num futuro incerto, quem a vai pagar tem de ter capacidade para ganhar o dinheiro necessário, ou seja, produzir um valor suficiente suportar para a sua existência, isto é: o seu consumo, o seu estilo de vida e, além disso, ser também capaz de fazer o aforro suficiente para ir abatendo à dívida. Caso contrário entra na bancarrota. 
Na natureza passa-se o mesmo que nas sociedades humanas. A nossa dívida é a pegada ecológica que deixamos: esgotamento de recursos ambientais e acumulação de resíduos inúteis ou mesmo tóxicos para nós e /ou para o ambiente. 
Todos estamos cientes da emergência climática resultante da acumulação na atmosfera, de um excesso de dióxido de carbono, que é maioritariamente um resíduo do consumo energético dos seres humanos nos últimos duzentos anos, pelo uso de combustíveis fósseis, especialmente carvão e petróleo. Mas , infelizmente, não é a única componente da dívida que as gerações anteriores contraíram e a atual geração aumentou, graças ao consumo desenfreado resultante do nosso tipo de sociedade, corretamente chamada de sociedade de consumo. 
A extinção de espécies, a perda de biodiversidade, a poluição e o esgotamento de fontes de água potável, são entre muitos, outros importantes componentes de uma dívida que continua a aumentar. 
O curioso é que esta dívida se formou em simultâneo com um gigantesco aumento da produtividade do trabalho e um grande aumento da taxa de urbanização das sociedades. Até parece um contrassenso, pois produzir mais com menos pessoas e viver em aglomerados maiores, à primeira vista parece que é menos custoso para todos, no mínimo pelos benefícios da economia de escala. 
Esta calamidade iminente, significa que o urbanismo, pelo menos o dos últimos duzentos anos, foi globalmente muito negligente, com consequências que ameaçam tornar-se numa catástrofe global para a ecologia do planeta. 
Fizemos crescer as cidades existentes e construímos muitas novas, sem atender à terceira classe dos custos: o custo da reposição das condições iniciais existentes no princípio da era industrial. 
Se Deus ou a natureza, nos viessem exigir hoje o pagamento daquilo que estragamos ou alteramos no ambiente, a geração atual não tinha como o fazer: estávamos condenados e condenávamos todos os demais seres vivos inocentes.
Continua...
Publicado no Jornal Maissemanário - Póvoa de Varzim 

03 janeiro 2019

Uma visão pós marxista da Teoria do Valor -14


A transformação do valor económico em preço


1 – Definição dos conceitos

1.1 – Valor económico

Diz-se que uma coisa (um bem) ou um serviço tem valor económico, quando por qualquer razão desperta o interesse do ser humano ou lhe é útil , levando-o a tentar obter a titularidade da sua propriedade ou do seu usufruto.
São particularmente importantes os bens e serviços que, cumulativamente com a condição anterior , sejam de uso generalizado por uma parte significativa dos elementos de uma sociedade, ou então imprescindíveis para a sobrevivência das pessoas ou da estrutura social.
Em última instância, um agente economico aloca a uma atividade económica o seu tempo e/ou o de outros seres humanos. 
O valor económico na sua génese é uma função do tempo de atividade ou tempo de trabalho.

 Não representa esforço, trabalho ou energia dispensidos

De uma forma mais geral, considerando não só os seres humanos mas todos os outros seres vivos, podemos dizer que valor é toda a informação que possa ser útil, isto é, possa  ser usada  para construir,  alterar ou manter  máquinas de acumulação de instruções executáveis - informação atuante (1), ou seja, sistemas vivos.

1.2 – Mercadoria e mercado

Quando a obtenção da propriedade ou do usufruto se obtém por negociação particular, bilateral ou multilateral (leilão), diz-se que esse bem ou serviço é uma mercadoria e a esse processo de transferência do título de propriedade ou de usufruto, chama-se negócio ou operação de mercado (muitas vezes também se chama mercado ao lugar ou ambiente onde se faz a negociação). 
Às entidades que intervêm no negócio, chamam-se agentes económicos.
Na economia baseada em mercado, os bens e serviços produzidos ficam à disposição do conjunto da sociedade, sendo o seu encaminhamento ou distribuição para uma pessoa singular ou coletiva específica, feito por permuta baseada em livre negociação.
Na economia de mercado primitiva, permutavam-se bens ou serviços por troca direta. Na economia de mercado atual (negócio), permutam-se títulos (direitos) de propriedade ou de usufruto entre pessoas singulares ou pessoas coletivas.

1.3 – Dinheiro

Esses títulos podem ser nominais (personalizados como os títulos de propriedade: física ou intelectual) ou anónimos (dinheiro papel-moeda;
dinheiro moeda digital: blockchain-Bitcoin; outros títulos de crédito, como cartões de crédito, créditos comerciais em conta corrente; tempo em bancos de tempo; etc.)
Por convenção, alguns tipos de bens, além da sua utilidade intrínseca, têm também o valor simbólico dos títulos anónimos: são dinheiro. De entre esses, desde a antiguidade, destacam-se os metais preciosos ouro e prata.
Os títulos anónimos são o suporte da economia de mercado atual, pois são universalmente aceites nos negócios como unidades padrão de medida, objetivando no mercado o valor económico dos bens e serviços.

1.4 – Quantificação do valor económico dos bens e serviços

No estudo da economia presume-se que o valor económico é uma grandeza mensurável e, dependendo da escola económica, pode-se medir de forma qualitativa ou quantitativa. Para medir o valor económico, segundo o senso comum podem usar-se vários termos de comparação (ou mercadorias padrão). Adiante veremos que desta forma, o que se pode medir é o preço de mercado e não o valor econômico.

1.4.1 - Avaliação do mérito científico das "teorias" das várias escolas do pensamento económico atual.

As “teorias” das várias escolas de economia, são na realidade conjeturas, quando consideradas do ponto de vista científico, pois não passam no crivo do critério normalmente usado para classificar esse mesmo conhecimento como científico
- coerência lógica interna;
- coerência lógica externa com o demais conhecimento científico;
- concordância com os dados experimentais obtidos em experiências, passíveis de repetição por qualquer pessoa, que use o mesmo método na mesma condições;
- explicação do passado, adesão ao presente e previsão ou enquadramento do futuro;
- sujeição ao contraditório inter-pares (princípio da falsificabilidade);
- Aplicação prática - dar origem ou suportar o saber fazer ( tecnologia)
Isto acontece porque a atividade económica, que gera os factos ou dados experimentais, se desenvolve em escala gigantesca, tanto em número de factos, como em número de variáveis e ainda numa duração temporal muito longa, que pode mesmo abranger muitas gerações.
Por essas razões, a atividade económica gera uma quantidade gigantesca de dados experimentais que, atualmente, se classifica como “BIG DATA”.
Temos de nos recordar que só muito recentemente (séc. XXI) a ciência dispôs de tecnologia capaz de analisar e interpretar “BIG DATA” fora do âmbito da análise estatística, que por si só se revelou muito insuficiente para compreensão da economia.
A análise mais completa, através de simuladores que implementem as várias conjeturas existentes, ainda não está ao alcance da tecnologia atual e provavelmente precisaremos de mais algumas décadas, para termos esses simuladores plenamente funcionais.
Por isso para testar as “teorias” económicas, temos de usar modelos simplificados e verificações parcelares.
Todavia, considero que é necessário esclarecer muito bem qual é a génese do valor económico das coisas (bens) e dos serviços, para poder formular uma teoria de funcionamento da economia, que ultrapasse o nível das conjeturas atuais das várias escolas. Uma teoria que consiga explicar o passado, representar os presente e prever enquadrar o futuro, com base na lógica e matemática disponíveis atualmente.
Qualquer demonstração da génese do valor, tem de proporcionar bases e meios para unificar ou invalidar as “teorias” das diversas escolas, em particular as das escolas marxista e marginalista neoclássica – escola austríaca, dado que estas são aparentemente inconciliáveis.

1.5 - Definir com precisão  o interesse.

Os marxistas interpretam e quantificam o interesse como o trabalho humano (esforço físico e e mental) necessário para obter o título da propriedade de um dado bem ou o título de usufruto de um dado serviço.
As teorias marxistas (marxismo) enquadram-se na conceção clássica de que o preço de mercado reflete o valor económico e depende do conjunto dos custos de produção.
Para os marginalistas o preço de mercado também reflete o valor económico, considerando que este é variável e está relacionado com o diferencial (marginal) do preço de aquisição em mercado da próxima quantidade de mercadoria. 

Nesta escola o interesse não está relacionado com o trabalho humano socialmente necessário, para a produção dos bens ou serviços transacionados em mercado, mas sim, com a vontade do comprador os adquirir, trocando-os por outras mercadorias que tenha em disponíveis ou em excesso.

1.6 – Conjugar os conceitos de valor económico, interesse e preço.
 (as consequências das explicações do funcionamento da economia dadas pelas diversas correntes de pensamento.)

1.6.1 - Escola marginalista
A abordagem marginalista permite o tratamento matemático do problema dos preços de mercado através de equações diferenciais.
Para esta escola de pensamento, o valor económico confunde-se com o preço de mercado (são duas designações para mesma coisa) e depende apenas da escassez do bem ou serviço ou seja, depende apenas da relação entre a oferta e a procura.
Baseando-se em dados empíricos, consideram a oferta representada por uma função com uma representação gráfica crescente no tempo e a procura como uma representação do interesse, também representada por uma função gráfica decrescente no tempo. 
Como num dado ambiente de mercado as duas funções de intercetam num ponto, esse valor é o preço e o valor económico da mercadoria.
A teoria da escola marginalista permite modelar com uma precisão aceitável o processo de produção e aquisição de propriedade (compra) entre dois (ou um número pequeno de) agentes económicos (comerciantes), que ajam racionalmente, num ambiente de economia de mercado,  onde sejam cumpridas pelos agentes económicos, as regras de concorrência leal. 
Em termos académicos esta teoria é o suporte da chamada MICROECONOMIA.

1.6.2 - Escola marxista
A escola marxista considera que o interesse, representado pela relação entre a oferta e procura apenas modela a evolução dos preços em mercado, sendo estes em média os preços ou valores económicos representados como o trabalho humano socialmente necessário, para produzir os bens ou serviços.

1.6.3 - Proposta de uma teoria do valor não marxista
Uma visão não marxista da teoria do valor, considera independentes estes três conceitos: valor económico, preço e interesse.
Na teoria não marxista do valor, preço é a parte do valor económico total (os ativos que são sua propriedade),  que um comprador tem disponível para a aquisição de um determinado bem ou serviço em mercado . Isto quer dizer que nesta visão um agente económico pode possuir a titularidade do tempo trabalho de outrem além do seu, ou seja, pode possuir mais valor do que a sua capacidade física ou mental de trabalhar. Na teoria é um pressuposto que o agente económico aplica em qualquer atividade económica, tempo de trabalho direto (seu) e tempo de trabalho indireto (realizado por outrem).
Nesta teoria, o interesse representa apenas a disponibilidade de um agente económico, utilizar parte do seu valor para alocar (pagar) à aquisição de outro bem ou serviço que queira possuir.
Para esta teoria o interesse sozinho não chega para formar o preço das mercadorias.

1.7 – Conclusões obtidas através da teoria marginalista

Na teoria marginalista pressupõe-se que um comprador pode e quer adquirir várias quantidades do mesmo bem ou serviço para lhe dar uso futuro (stockagem comercial ou armazenamento para consumo futuro). Nesta condição o interesse tem um valor diferencialmente decrescente em função da quantidade comprada levando a que em algum momento se estabeleça um equilíbrio entre a oferta (produção) e a procura (consumo ou armazenamento) sendo que esta é aleatória por natureza, porque a economia de mercado, por não ser planificada, pressupõe aleatoriedade nas ações económicas. Constata-se que neste tipo de enquadramento de mercado a produção se destina apenas a minimizar a escassez, devendo o preço de mercado (valor económico ) ser sempre superior ao custo de produção, dado que uma sobre produção pode causar prejuízos pela diminuição do preço.
Conclusão: o valor económico-preço de uma mercadoria é apenas função da relação oferta e procura e é sempre medido relativo a uma mercadoria padrão, física ou virtual. O preço ou valor económico é expresso em unidades de uma mercadoria padrão.

1.8 – Conclusões obtidas através da teoria marxista

Apesar desta teoria ter dado e continuar a dar muito bons “insights” sobre o funcionamento da economia de mercado capitalista, há três razões pelas quais continua a ser muito criticada:
a) Porque não explica muito bem a génese e a função do lucro, através de um processo que eles chamam : apropriação da mais valia pela classe burguesa detentora do capital. 
Os marxistas consideram que o lucro se gera na fase de produção, no momento em que o capitalista (detentor dos meios de produçao ) paga menos do que seria justo pagar aos trabalhadores, que considera os únicos produtores detentores da força de trabalho que "vendem" por um preço inferior ao justo, ao empregador, detentor dos meios e fatores de produção: o Capital.
 Isto é : no "negócio" que constui o contrato de trabalho, não não se está num jogo equilibrado em que as partes considerem igualmente satisfeitas as suas expectativas. O mercado de trabalho não é um mercado livre, mas expressa uma relação de dominação por parte do capitalista :explorador sobre o proletário: explorado.
b) Porque não conseguem modelar a transformação do valor-trabalho em preço.
 Basta uma análise dimensional para verificar que se o preço fosse trabalho, esta grandeza seria expressa como ML2T-2, o que torna as conclusões a tirar incompatíveis com os dados económicos disponíveis, que evidenciam que as unidades de preço são adimensionais.
c) Porque não consegue justificar e prever os ciclos económicos constituídos por situações repetidas de inflação e crise.
 A explicação marxista destes fenómenos não se diferencia muito da dos seus adversários das várias escolas liberais. 


2. - É preciso um novo paradigma explicativo

Qualquer conjetura candidata a teoria económica, além de obedecer estritamente ao critério científico, tem de explicar e modelar matematicamente vários problemas reais e também algumas experiência concetuais, que a seguir se enumeram:

2.1 – A questão de saber há ou não um valor intrínseco das coisas, 
que é bem exemplificado no velho problema do valor do bosque virgem (ou de outros bens da natureza como os metais preciosos, ou o que atualmente se começa a pôr relativamente à água potável, ao ar que respiramos ou ainda ao valor do ambiente).
2.2 – A riqueza e o enriquecimento das pessoas e das sociedades
2.3 – A inflação e a crise
2.4 – Os ciclos económicos
2.5 – O mecanismo de formação dos preços e a sua evolução natural no tempo. ( “The long tail”)
2.6 – O funcionamento dos vários modos de produção existentes ao longo da história e os outros concetualmente possíveis , sejam eles capitalistas ou não capitalistas (modos de produção em que a acumulação e a gestão do valor acumulado seja diferente do atual modo capitalista), como por exemplo modos de produção baseados em economia planificada seja na produção seja no consumo ou nas duas fases. (como por exemplo os imaginados modos de produção socialista ou comunista, pelos teóricos adeptos da escola Marxista)

2.7. - Ser uma teoria geral

A nova teoria tem de incorporar e unificar as várias teorias existentes, dando-lhes o estatuto de casos particulares de uma teoria mais geral. Além disso deve poder invalidar definitivamente as teorias que não possam ser incorporadas ou unificadas

3 – Formulação da conjetura (evidenciar e validar as premissas, deduzir e validar conclusões, compor o modelo de funcionamento da economia)

3.1 - Premissas

  3.1.1. - O valor económico
O valor económico aparece como consequência da presença e da atividade humana individual e social.
É o ser humano que atribui e quantifica os valor das coisas.
 Há um provérbio que diz “ As coisas têm o valor que a gente lhes dá!”
Agora o que significa esse valor é outra questão, que deve ser respondida pela teoria nas demonstrações ou nos pressupostos.
Nesta conjetura assume-se que o valor económico representa o tempo social médio por pessoa dispendido na produção ou aquisição dos bens e serviços, que são objeto de permuta, dentro de um relacionamento social. O âmbito social do cálculo do valor económico não é apenas a geração atual presente (numa dada época) mas estende-se a todas as gerações distantes e passadas, com quem a geração atual se relaciona ou relacionou.
Toda a atividade social humana (atividade que implique qualquer relacionamento entre seres humanos) gera valor para os seus executantes. Uma parte desse valor é consumido para uso próprio, tornando-se indisponível para transação pela geração atual presente (produtora e consumidora). Outra parte pode ser acumulada (ou armazenada) para uso futuro.

3.1.2 O preço
O valor económico não é o preço de mercado. Este é apenas, em média, a parte do valor que o adquirente tem disponível, para alocar a uma dada transação.

4. - Formulação da teoria: hipóteses e conclusões

Para a formulação da teoria é fundamental (condição necessária e suficiente) demonstrar o circuito de produção consumo e acumulação (armazenamento) do valor nas nas diversas sociedades.

4.1.1 – Conhecimento tecnológico (saber e saber fazer), instruções  ou informação atuante, que é uma instrução  ou receita que permite obter ou usar um bem ou serviço, ou seja tecnologia socialmente disponível.
4.1.2 – Títulos de propriedade ou de usufruto de bens duráveis de consumo ou de uso ( por exemplo: casas, terrenos, infraestruturas e outros bens duráveis)
Nota:  O dinheiro seja ele papel moeda ou metais preciosos, não é em si mesmo um meio de acumulação .
  (Já Papa-Lagui dizia: “o dinheiro não se come!”). O dinheiro é apenas um título (símbolo) de dívida, que em economia de mercado permite a permuta de títulos de propriedade ou usufruto)
4.1.3 – Em stock de matérias primas
4.1.4 – Em stock de produtos acabados de médio e longo prazo de validade
4.1.5 – Em máquinas e ferramentas de trabalho
4.1.6 – Em estrutura, organização social, conhecimento e tecnologia de domínio público (sociais)

Segundo as correntes maioritárias do pensamento económico este valor acumulado no passado (fases anteriores do circuito económico) é o que se designa por CAPITAL.
Há mesmo quem considere que as pessoas capacitadas para exercer uma determinada função na estrutura económica de uma sociedade são o CAPITAL HUMANO. Considero correta esta posição pois as pessoas são intrinsecamente portadoras de informação atuante ou conhecimentos tecnológicos ( saber e saber fazer), logo em termos sociais as pessoas são também stock de capital acumulado ao longo de gerações.

4.2 – O consumo
4.2.1.- O consumo planificado equitativo
O consumo faz-se de forma pré-determinada (planeada) atribuindo a cada pessoa uma quota parte do que é produzido. Essa distribuição considera apenas a produção da quantidade necessária e suficiente para satisfazer as necessidades individuais e coletivas “orçamentadas” no plano. Produz-se para satisfazer as necessidades individuais e coletivas consideradas socialmente imprescindíveis numa determinada época. Por definição não há escassez, pois todos recebem segundo as suas necessidades socialmente determinadas.

4.2.2. - Consumo planificado não igualitário
A produção disponível é distribuída pelas diversas classes sociais ou pelos indivíduos de acordo com um padrão de prioridades ou privilégios, sendo que alguns indivíduos ou algumas classes vêm integralmente satisfeitas as suas necessidades (podendo mesmo dispor de recursos em excesso) e outras classes ou pessoas não têm sequer acesso a esses bens ou serviços. Há escassez pelo menos para alguns.

4.2.3 – Consumo não planificado
O consumo potencial global é sempre superior à capacidade de produção. O consumo individual e coletivo é obtido por rateio em leilão no mercado, consumindo mais quem se oferecer para comprar pelo preço mais alto

4.3 – O modo de produção
O modo de produção de uma sociedade define-se como o conjunto das relações económicas entre os seus membros em termos de produção consumo e acumulação de valor.
4.3.1 O modo de produção capitalista
No modo de produção da civilização atual e do passado próximo (séc. XIX, XX e XXI, que é denominado de modo de produção capitalista, a produção é feita de modo a satisfazer o consumo médio determinado em mercado, sendo propriedade e a gestão do valor acumulado feita quase em exclusivo por uma só classe social chamada classe capitalista com ou sem coadjuvação do estado, enquanto que as outras classes fornecem apenas tempo de trabalho humano direto (efetuado pela força de trabalho físico ou intelectual ). Esta é a situação da classe operária, constituída pelos trabalhadores assalariados da produção industrial e trabalhadores assalariados agrícolas, pelos trabalhadores dos serviços, pelos quadros técnicos, pelos trabalhadores intelectuais, pelos trabalhadores da função pública central e local, etc.
Na sociedade com modo de produção capitalista existem ainda de forma minoritária na sociedade, algumas classes cujos membros são em simultâneo os principais fornecedores de trabalho da sua atividade e os donos e gestores do valor acumulado. Neste grupo considero os pequenos proprietários agrícolas, pequenos comerciantes e industriais com empresas familiares, profissões liberais de serviços, artesãos e similares.
O modo de produção capitalista está muito bem estudado pelas principais escolas do pensamento económico, embora não haja entre os académicos consenso sobre as teorias explicativas do seu funcionamento.
Nomeadamente não há consenso sobre a formação dos preços e sobre a sua relação com o valor económico.

4.4 – A formação dos preços
Na conjetura candidata a teoria que proponho – A teoria não marxista do valor – o preço é uma grandeza escalar adimensional relacionada com o trabalho humano direto e indireto e outros fatores definidos em termos do funcionamento da sociedade atual.
VARIÁVEIS
PPreço
L – Lucro ; 
Td – Trabalho direto
Ti – Trabalho indireto; 
OP – Oferta e Procura ; 
Fm – Fator de monopólio;
Ra - Reconstrução ambiental

OP e Fm e L são variáveis importantes no modo de produção capitalista
Td e Ti e Ra são variáveis importantes em todos os modos de produção

4.4.1 - Fórmula geral de cálculo do preço ou valor de mercado


P = (Td/(1+Ti)) (OP+Fm) + L + Ra (P-L-Ra)(1+Ti)/Td= OP+Fm

(P-L) – Em economia de mercado é o preço de custo para o comerciante seja ele produtor, grossista ou retalhista.

Ao quociente (1+Ti)/Td chama-se PRODUTIVIDADE.
Quando a produção é totalmente automática Td tende para zero, logo a produtividade no limite é infinita. Quando a produção não incorpora nenhum trabalho indireto Ti=0 a produtividade é dada pelo inverso do tempo de trabalho direto.
Ambas as situações anteriores são cenários idealizados que não se verificam na realidade social. Por exemplo: no primeiro caso tem de existr no mínimo o trabalho do produtor para conceber o produto; no segundo caso existe no mínimo trabalho indireto sob a forma de capital condensado no conhecimento público civilizacional (ciênca e tecnologia) incorporados na estrutura social.
Por esta fórmula pode-se verificar que à medida que aumenta a produtividade o preço fica mais dependente do lucro pois os fatores dependentes dos custos de mercado - OP e a situação da empresa na estrutura económica - Fm são afetados pelo inverso da produtividade.
Se tivermos um modo de produção não capitalista em que não exista apropriação privada do lucro pelo capitalista para seu consumo pessoal e em que a produção tenha alta eficiência (sem desperdícios de monopólio ou outros) os preços dos bens e serviços tenderão a diminuir no tempo (no limite até ZERO) com o aumento da produtividade. (Tendência da CAUDA LONGA - curva de Pareto - conseguida pela economia de escala da produção de grandes séries, conforme a tese de Chris Anderson).(2)
Quando a produtividade aumenta no tempo e os preços não diminuem na mesma proporção, dizemos que há inflação pois o aumenta o lucro ou ou os fatores OP e Fm para compensar o aumento da produtividade.
A inflação manifesta-se por um aumento ou não diminuição temporal dos preços em função do aumento da produtividade, contudo não tem apenas causa nos fatores económicos da produção, pode quase sempre ter origem em fatores sociais que afetem a escassez (OP), como o aumento da população não ativa, o desperdício, a guerra ou catástrofes naturais que destroem valor. O estudo da inflação é abordado em capítulo autónomo mais à frente neste ensaio.
Em geral no modo de produção capitalista há escassez, ou seja produção inferior ao potencial de consumo, tendo o fator OP um valor positivo tanto maior quanto maior for a escassez.
Por outro lado se no modo de produção capitalista houver uma sobre produção, os custos de armazenamento e ou obsolescência podem tornar o fator OP negativo (o produtor paga para se ver livre do stock) e o preço final pode ser ele mesmo negativo.

O preço no modo de produção capitalista é dado pelo produto do inverso da produtividade por uma função de retroação (regulação) constituída por duas parcelas (OP – Oferta e Procura e Fm – Fator de monopólio) ao qual se adiciona a parte de acumulação do valor (CAPITAL) : o Lucro mais a parte da Reconstrução Ambiental ou seja minimizar a Pegada Ecológica

4.4.2 – Explicação dos elementos da fórmula do preço

4.4.2.1 – OP – O fator de escassez
O fator OP que mede a relação entre a oferta e a procura num modo de produção em que em média se produz menos do que o potencial de consumo. Pode ser positivo e maior do que 1 quando a produção é inferior à procura. É negativo ou menor do que 1 quando a transação não é determinada pela vontade de adquirir do consumidor mas sim pelo interesse do produtor em ver-se livre da mercadoria. Isso acontece na maioria dos casos em que a oferta é superior à procura.
A expressão gráfica do comportamento dos preços em função da escassez, é muito semelhante à seguinte, deduzida dos dados empíricos reais, considerando um mercado ideal de competição perfeita entre agentes económicos racionais:

fig 4.4.2.1-1 autor e fonte - Silver Star em Wikipédia em inglês, CC BY 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7159492










Contudo como o mercado ideal não existe e no mercado real há muitos fatores que modelam a influência da escassez sobre os preços, o fator OP é melhor representado pela função logística inversa deslocada. Quando há mais oferta do que procura, entram em cena do lado do produtor os custos de posse (custos de armazenamento, custos de obsolescência por validade ou custos de obsolescência por inadequação tecnológica), que até podem fazer com que OP se torne negativo.
A evolução dos custos de posse no tempo podem modelar-se pela curva logística enquanto a evolução dos custos de posse em função da quantidade tendem a comportar-se logaritmicamente

4.4.2.2 – Fm – O fator de monopólio, de cartelização, de falta de competidores ou falta de inovaçã0o.
O fator de monopólio não é um lucro adicional, mas sim um custo de produção que mede a ineficiência da atividade económica das empresas por falta de competição ou concorrência, ou seja, o fator de desperdício ou de falta de inovação internos. Verifica-se que este fator tende a ser diretamente proporcional ao tamanho da empresa e inversamente proporcional à quantidade de concorrentes no mercado.


4.4.2.3 – L – O lucro
O lucro é a parte do preço que não se relaciona diretamente com os custos de produção, mas sim com a acumulação de valor para uso futuro : investimento, reciclagem e em geral provisão para qualquer necessidade , como por exemplo: a reconstrução da estabilidade ambiental, que permita a continuação da atividade económica produtiva.
Por aqui se vê que nesta conjetura o Lucro é diferente da Mais-Valia referida pela escola marxista, pois o lucro realiza-se na transação do bem ou serviço para o consumidor intermediário ( o comerciante grossista ou retalhista) e/ou para o consumidor final, enquanto a mais valia marxista se realiza pagando aos trabalhadores menos do que o devido pelo trabalho direto prestado.
O conceito de mais valia foi introduzido na teoria marxista por razões morais ( a questão dos exploradores capitalistas e dos explorados trabalhadores) e não para tentar modelar o funcionamento económico da sociedade. Por isso mascara e distorce o conceito de valor económico e a sua relação com o preço de mercado e em termos lógicos leva as conjeturas marxistas para becos sem saída já há muito denunciados pelos seus opositores. Nas teorias das escolas marxistas há um juízo de valor sobre as classes sociais, concluindo que os bons são os trabalhadores (em particular a classe operária ) e os maus são os detentores do capital. Mas isso não explica a atividade económica do passado, nem representa o presente, nem prevê o futuro das grandezas económicas com rigor científico. Por essa razão não uso na minha conjetura o conceito de mais valia como meio de justificação de conclusões.


4.4.2.4 Td- Trabalhos direto
O trabalho direto é a soma de todo o tempo de trabalho de qualquer espécie aplicado por todos os intervenientes na cadeia económica (conceção, produção e distribuição) que seja necessário para colocar o bem ou serviço disponível para o consumidor. Esse trabalho pode ser operário, administrativo, intelectual, técnico, de gestão, de planeamento e conceção ou qualquer outros que implique dispêndio de tempo atividade humana.
O trabalho direto pode ser local, isto é executado por trabalhadores presentes no circuito de no circuito económico ou não local (remoto) materializado em capital, matérias-primas, patentes ou qualquer títulos de propriedade material ou imaterial que tenham de ser pagos no presente para se poder disponibilizar o bem ou serviço para o consumo.

4.4.2.5 Ti – Trabalho indireto
O trabalho indireto é o trabalho realizado no passado e já não custeado pela geração interveniente na cadeia económica presente e pode ser dos seguintes tipos:
a) Conhecimento científico e tecnológico (informação atuante)
b) Máquinas, ferramentas, e outros meios de produção duráveis e reutilizáveis (capital)
c) Infraestruturas materiais, ciência, tecnologia e organização social

4.4.2.6 Ra - Recontrução ambiental.
A atividade humana gera uma destruição  ambiental que a longo prazo compromete :
- a continuação da  atividade económica; 
- a sobrevivência dos indivíduos; 
- a continuação da sociedade
- e por último pode comprometer a continuação da vida numa dada localizaçso e mesmo a sobrevivência de muitas espécies.

5 - O Modo de produção capitalista
O modo de produção capitalista é o modo de produção baseado em mercado (liberal puro ou regulado ) em que o objetivo principal não é satisfazer as necessidades individuais ou coletivas em termos de consumo de bens e serviços, mas sim proporcionar aos titulares do capital inicial um meio de aumentar o seu capital em cada ciclo produtivo, por meio de um mecanismo de acumulação baseado no lucro, incorporando nos bens ou serviços transacionados, tempo de trabalho humano direto ou indireto.
De forma contrária a conjetura marxista põe a hipótese de o lucro ser obtido pagando menos do que o devido à força de trabalho e considerando a transação final sempre feita pelo valor justo conseguido em mercado e regulado ou modulado pela lei da oferta e procura.

A expressão matemática consensualmente aceite para representar este modo de produção é:

Capital inicial+ Trabalho= Capital final

em que Capital Final é maior do que Capital inicial e a respetiva diferença é o Lucro - Custo do trabalho).
O Lucro comercial é valor económico armazenado (pois não é consumido) ou seja capital e é obtido na transação da mercadoria (bem ou serviço) para o consumidor final.

5.1 Análise da produção e comércio dos bens e serviço no séc. XXI enquadrados na 4ª Revolução Industrial.
Neste ambiente cada vez mais funções de trabalho humano são realizadas por robôs, seja eles programáveis ou autónomos. Em alguns setores da economia estamos mesmo a assistir ao facto que até o trabalho de conceção e gestão da atividade económica já começa a ser feito com auxílio de Inteligências Artificiais.
Vamos analisar uma situação concetual em que num determinado setor económico um capitalista humano concebe uma mercadoria cuja produção e distribuição seja 100% automática e que essa conceção não lhe consome tempo significativo.
O “main stream” da escola marxista diz sumariamente que isto não se adequa ao modo de produção capitalista pois esse caso está no limite em que a taxa de lucro calculada com base nos conceitos marxistas, seria quase nula ( não há mais valia pois não há trabalho humano);e dessa forma não geraria capital final maior do que o inicial. Lei da baixa tendencial da taxa de lucro” com a automatização.
Para os marxistas isso afastaria o interesse dos capitalistas nesse negócio. 
A realidade desmente esta conjetura pois os investimentos capitalistas atuais são cada vez mais investimentos de capital intensivo (máquinas , robôs e Ias) dando a essas empresas, lucros cada vez mais apetecíveis pois os custos com os trabalhadores humanos são insignificantes e também porque sendo cada vez maior o volume de investimento inicial, limita o número de concorrentes em especial os novos a entrar no negócio, tornando a atividade económica em mercado monopolista.

5.2 -Onde está o erro das escolas marxistas?
Analisada a situação à luz da Teoria do Valor não marxista verificamos que os marxistas não contabilizam todo o trabalho humano empregue na atividade económica (só consideram o trabalho operário).
Considerando todo o trabalho humano direto e indireto empregue, incluindo o trabalho de conceção e gestão do capitalista, o que se verifica é que a produtividade é muitíssimo alta porque a maioria do trabalho incorporado na mercadoria é trabalho indireto, o que faz aumentar exponencialmente o lucro para um preço de transação ligeiramente menor do que o obtido em mercado concorrencial em que os outros concorrentes têm menor grau de automatização. Em alternativa se o capitalista aceita menor lucro os preços baixam. Basta aplicar diretamente a fórmula do preço, que os resultados obtidos estão de acordo com a realidade observada atualmente.

5.3 - A evolução da produtividade e o enriquecimento das sociedades
Podemos verificar empiricamente que numa sociedade em que não se destrua valor económico, por causa de guerras, epidemias, catástrofes naturais, retrocessos civilizacionais, desperdícios, variações demográficas extremas como diminuição ou envelhecimento populacional ou excesso de juvenis, que impliquem consumo excessivo ou perda de conhecimentos tecnológicos, o crescimento natural da população faz com que Td global aumente.
A disponibilidade de Td global, aumenta com a população ativa Td= Td (individual médio) x Nº de elementos ativos (população total -juvenis -velhos - elite ociosa rentista que apenas recebe dividendos do investimento, sem contribuir sequer para a gestão do seu capital -populaçao usada na produção inutilidades -doentes - burocratas - aposentados) de uma sociedade num determinado período de tempo.
A população ativa é a responsável pelo valor acrescentado global ou seja dela depende a criação de valor em quantidade superior ao necessário para o seu consumo.
Se existirem mecanismos de acumulação de valor, esse Td não consumido transforma-se em Ti.
Aumentar o Ti significa aumentar a “maquinização” (se existirem na sociedades soluções cientifico-técnicas adequadas) ou seja, aumentar a produtividade e se se aumentar a disponibilidade de trabalho direto em simultâneo, significa que aumenta a disponibilidade de bens para consumo (interno ou exportação), ou seja, significa o enriquecimento da população.
Como a população humana tem crescido de forma contínua nos últimos milénios e em particular nos dois últimos séculos, a produção de Ti de longo termo aumentou quase na proporção exponencial do aumento da população. Para um dada era tecnológica (tempo decorrido entre revoluções industriais) o crescimento de Ti segue a função de crescimento sigmoide com um rápido aumento de Ti na fase inicial e uma estagnação da fase final do ciclo.
Quanto maior for a disponibilidade de Ti, ou seja maior produtividade numa sociedade, maior será a disponibilidade de bens e serviços, considerando uma acumulação fixa de valor, porque se por um lado os preços diminuem fazendo baixar a taxa de lucro, por outro lado, os preços baixos, que beneficiaram da a economia de escala, dão às empresas de maior dimensão a possibilidade de afastar do mercado a maior parte dos possíveis concorrentes, favorecendo situações de monopólio ou quase monopólio fazendo com que o valor do lucro global seja crescente apesar desses mesmos preços baixos. Não é por acaso que os hipermercados apresentam lucros de milhões apesar de praticarem quase continuadamente preços promocionais ou com muito baixas taxas de lucro.
Além disso, a manutenção de preços baixos, em especial nos bens e serviços de maior consumo, permite um enriquecimento pessoal, pois para o mesmo tempo de trabalho (que significa a mesma remuneração) consegue-se mais bens e serviços quer em quantidade quer em melhoria da qualidade.
É pois lógico que o aumento de Ti, ou seja o aumento de produtividade médio de uma população corresponda objetivamente a um enriquecimento geral. Mas além disso, a perceção subjetiva de riqueza, que determina a satisfação do cidadão com a situação económica, também melhora, pois além de se dispor de mais quantidade, também se dispõe de mais qualidade e maior diversidade de bens e serviços. Essa perceção de progresso e bem estar, como avaliação subjetiva que é, depende muitas vezes mais de quais os bens e serviços que o cidadão sente que precisa e da relação preço qualidade que tem de pagar por eles do que da abundância ou gratuitidade de um cabaz restrito de bens e serviços essenciais.

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(1)-Define-se como  informação atuante, informação instrutiva ou simplesmente instruções toda a informação que processada por uma máquina adequada possa produzir efeitos controláveisv pré-determinados, quer sejam  materiais ou apenasvde informação.
À informação não atuante normalmente é desigmada por dados e representa os valores das propriedades da coisas que servem para quantificar, classificar e fazer cálculos por máquinas processadoras que correm programas, instruções ou informação atuante .

(2) https://en.m.wikipedia.org/wiki/Chris_Anderson_(writer)