28 maio 2011

A "Responsabilidade Política " dos nossos políticos.

Segundo Lazarus Long personagem universal de muita sapiência: 


"Qualquer governo funcionará se a autoridade e a responsabilidade forem iguais e coordenadas.
Isto não garante «bom» governo; garante simplesmente que ele funcionará.
Mas esses governos são raros – a maioria das pessoas querem dirigir as coisas mas não querem nenhuma parte da culpa. 
Isto costumava ser chamado de “ síndrome do motorista do banco de trás”.


Dizer mal dos governos é característica de um bom cidadão português . Poucos gostam de assumir que votaram neles. Mas que os votos lá aparecem lá aperecem! 
Desse modo temos os governantes que merecemos e mantemos uma cadeia de irresponsabilidade, desleixo e gestão danosa da coisa pública, como se não tivessemos de pagar todos a factura pelos actos da governação. E essa factura é muito alta e não é apenas a imediata de cerca de 160 mil milhões de euros, é muito mais do que isso. Não nos podemos esquecer que o FMI e a CE só nos "resgataram" 78 mil milhões.
Essa factura vai ser paga pela geração actual e por pelo menos duas gerações seguintes: a dos nossos filhos e a dos nossos netos.


Se "Quem paga é quem manda!" então devemos lembrar-nos que alguém nos vai pedir contas pelo estado do mundo e da sociedade e da factura que lhes legamos.

Inquérito à crise seria útil mas sem culpados... Só faltava mais este desplante!

Este é o teor de um artigo assinado por um alto titular de cargos públicos da classe política europeia :(citação) " O economista-chefe do Deutsche Bank, Thomas Mayer, considera que seria «muito útil» uma investigação em Portugal às causas da crise, mas recusou um inquérito em que sejam apontados culpados." (fim de citação)

Efectivamente na Democracia Representativa a classe política goza de imunidade institucional, sendo extremamente difícil levar os seus membros a tribunal, mesmo quando com as suas acções ou omissões, causam prejuizos materiais de biliões, muitas vezes prejuízos morais,  mesmo a morte e a desgraça de milhões.

Segundo os representantes dos partidos políticos, o simples facto de haver eleições para eleger de entre eles os deputados "representantes" do Povo, é condição necessária e suficiente para legitimar a Democracia e tornar esse mesmo Povo único responsável pelas consequências da gestão da coisa pública feita por esses mesmos eleitos.

Esta ideia mistificadora da Democracia como regime em que os cidadãos participam da gestão da coisa pública no condomínio que é o estado, está cada vez mais posta em causa pelos cidadãos que não se revêem nas acções da classe política nem nos argumentos do sr. Thomas Mayer.

Começa a ficar socialmente consolidada a ideia de que os eleitos têm de prestar contas do mandato que receberam e não apenas contas políticas como eles querem. É evidente que qualquer regime de cidadania participante só pode ser um Estado de Direito em que o Poder Judicial seja o poder supremo ao contrário do que é agora, em que o Poder Político em parceria com o Poder Económico são os poderes supremos.

À classe política não lhe convem o julgamento cível ou criminal pelos actos e omissões que cometem. Mas o mundo está a mudar. Tal como há quinhentos anos a Terra deixou se ser o centro do Universo, pela mão de Galileu Galilei, também a Classe Política vai deixar de ser o centro do poder nos regimes de governo que se aproximam.

27 maio 2011

Algoritmos genéticos: As invenções que evoluem

Algoritmos genéticos: As invenções que evoluem: "Usando princípios da selecção natural, os programas passam a evoluir automaticamente, criando projectos que nenhum ser humano poderia idealizar."

Ainda há poucos anos neste início do sec XXI dizia um amigo meu médico de profissão: " Nada poderá substituir o ser humano no diagnóstico e prescrição de terapias. O computador nunca lá chegará! "

O artigo supra citado com um exemplo na minha área profissional (Radiocomunicações) demonstra que o ser humano individual está a ser ultrapassado, pois eu que até me considero imaginativo e conhecedor na minha área profissional, fiquei maravilhado com a antena inventada pelo algoritmo evolutivo. Nunca vi nenhum engenheiro  humano apresentar algo semelhante!

Ainda não completamos nem aplicamos a toda a humanidade a 4ª Revolução da Igualdade e a ciência e a Tecnologia já nos estão a apresentar as bases de uma 5ª revolução.

Era bom que os políticos meditassem neste facto, pois actualmente está muito claro que as equipas governantes não têm aptidões, nem ferramentas, nem mesmo vontade para fazer uma gestão global e eficiente, com soluções inovadoras e ajustadas à realidade dos problemas que enfrentamos, como se exige neste sec XXI.

A Democracia Representativa está claramente em falência muito por culpa da classe política, mas a "Democracia Participativa" como está a ser exigida em amplos movimentos de massas por esse mundo fora ainda não encontrou as soluções e as ferramentas para uma governação global.
Seguramente esta ferramenta os algoritmos evolutivos, os sistemas de simulação global ( de economia de meteorologia e de composição social) e os sistemas de comunicação global e pessoal, irão ser a base da infraestrutura para um novo modelo de governação da sociedade.

25 maio 2011

A Classe Política

Neste início do sec XXI ouve-se muitas vezes falar em "Classe política".  Políticos profissionais, jornalistas, comentadores e outros elementos dos "mass media", assim como muitos dos membros de redes sociais ou e-escritores de opinião (blogueiros) fazem referência a esta classe de elementos da sociedade actual, como " classe política", considerando por contraponto os demais cidadãos como "sociedade civil".

Esta última expressão era frequentemente usada para distinguir o membros da magistratura militar (forças armadas regulares), dos restantes membros da sociedade. Contudo os membros da classe política e os que lhe fazem a apologética nos "mass media" apropriaram-se da forma e da ideia para tentar insinuar na sociedade a ideia de que os membros da "classe política" constituem uma magistratura.

Sabendo nós que as maiores e as melhores prisões, são aquelas que se constituem sob a forma de muros no pensamento, facilmente entendemos o esforço da classe política para se camuflar e tentar imitar classes respeitadas da sociedade que até são tidas como imprescindíveis para o regular funcionamento dos estados.

A ideologia de Democracia do "main stream" da intelectualidade mundial é o maior constituinte desse muro de pensamento que impede as pessoas, mesmo as bem intencionadas, de verem a realidade objectiva respeitante à "coisa pública" e em especial esses muros impedem as pessoas de verem que:

- existe de facto uma classe social que até se auto-denomina de classe política ( para eles os outros são "a sociedade civil")

- que a caracterização dessa classe social pode ser feita com os mesmos resultados finais usando as ferramentas de várias escolas de ciências sociais incluindo a escola marxista

- que essa classe não se limita apenas aos membros dos directórios dos partidos políticos e aos deputados eleitos para os órgãos do estado central (federal) , para os órgãos das autonomias ( estados federados e regiões autónomas) ou ainda para os órgãos das autarquias ( municípios, cidades, comunas e outros)

- que a classe política também é constituída pelos membros designados e pelas hierarquias de outros órgãos dos estados actuais como os órgãos ou agências reguladoras e outras espécies de agências governamentais

- e mais ainda também fazem parte da classe política os membros dos órgãos eleitos e as hierarquias por eles designadas em todas as entidades particulares ou estatais como as empresas SA de capital disperso (cotadas em bolsa),  sindicatos e associações profissionais, ONG's em geral, associações desportivas e culturais em especial as de actividade profissionalizada.

- em muitos estados actuais a classe política invadiu muitas magistraturas tradicionais como a Magistratura Judicial e a magistratura Militar

Interessa em especial caracterizar a "Classe Política" segundo o ponto de vista das escolas de pensamento Marxistas, pois foi sob formas de governo baseadas ou influenciadas por essa filosofia, que mais se desenvolveu e maior expressão numérica atingiu a "Classe Política" no sec XX.

Neste início do sec XXI assistimos à rápida propagação da classe política a todas as estruturas das sociedades mesmo em países com formas de governo de ideologias socialistas (social-democratas) ou liberais.

Segundo a escola Marxista para o estudo da estratificação da sociedade considera-se o critério do posicionamento de uma determinada classe de cidadãos em relação ao processo produtivo como necessário e suficiente para a sua inclusão numa das classes sociais.
Exemplos:
- Classe capitalista - classe de cidadãos detentores do capital (meios e factores de produção ) no processo produtivo dos bens produzidos e comercializados sob sua jurisdição
- Classe operária - classe de cidadãos que apenas vendem a sua força de trabalho para o processo produtivo
- Classe dos artesãos - classe dos cidadãos que detêm em sua posse o capital e são os únicos fornecedores da força de trabalho no processo produtivo dos bens por si produzidos e comercializados.

A Classe Política controla de facto os recursos de capital:
- nas sociedades de capital disperso
- nas empresas em que o accionista principal ou único é o estado
- nos investimentos directos na produção de bens e serviços pelos órgãos formais do estado
A Classe Política apropria-se de facto das mais valias geradas nas empresas e órgãos que controla ou governa através de remunerações e privilégios auto-atribuídos muitíssimo acima dos demais funcionários públicos admitidos por contrato com ou sem concurso público que apenas vendem a sua força de trabalho e não têm qualquer controlo sobre o produto desse mesmo trabalho nem sobre o capital que o suporta.

A Classe Política pode então ser definida segundo a escola Marxista como uma classe exploradora com poderes privilégios e até comportamentos semelhantes aos que que a mesma escola outorga à classe capitalista, pois controla o capital a apropria-se directa e indirectamente das mais valias geradas no processo produtivo.

Esta conclusão é aquilo que os membros das hierarquias dos partidos de ideologia marxista não querem aceitar. Para eles a Classe Política era e é só dos "países capitalistas" . Como se demonstrou, esta última afirmação não só não corresponde à realidade, como se destina em primeiro lugar a camuflar essa mesma realidade, para proteger a verdadeira classe política a que eles pertencem.

17 maio 2011

O custo total dos bens e serviços produzidos na era da 4ª Revolução Industrial

Nas fases anteriores da evolução da Humanidade os custos do desfrute dos bens e serviços (atualmente designados na gíria económica como custos de propriedade )  eram considerados como sendo apenas os custos de aquisição (custos de produção mais custos de armazenamento, mais custos de comercialização) e custos de manutenção. Estes custos eram pagos na aquisição pela totalidade no caso do custo de compra e eram pagos parcelarmente durante a vida útil do bem ou serviço, no caso da manutenção.
Atualmente com a temível herança de poluição e destruição ambiental que nos foi legada pelo sec. XX já se incorporam nos custos  presentes (custos de aquisição e manutenção) também os custos futuros da remoção, reciclagem e reconstrução da estabilidade ambiental.
O que se está a verificar é que as "taxas eco" termo autónomo na fatura que o consumidor paga, em muitos casos são insuficientes para custear a realização dos fins a que se propõem. Isto acontece porque são manifestamente sub-estimados os custos da remoção e reciclagem e ainda em muitos casos não são considerados os custos da reconstrução da estabilidade ambiental.
Por exemplo: os custos da reconstrução da estabilidade ambiental derivada do consumo de combustíveis fósseis é uma soma gigantesca cujo pagamento a nível das capacidades de produção atual da humanidade consumirá o esforço das gerações de vários séculos e apenas se estas passarem a levar um estilo de vida frugal, extremamente regrado, não acrescentando mais poluição àquela que já existe e além disso planearem com muito cuidado o seu número, para que a permanência no planeta terra não altere as condições ambientais de suporte à vida, como se tem feito até agora. Segundo os autores do livro One Earth4All, a Humanidade está a consumir recursos como se a superficie do nosso planeta fosse 20% maior.
A Humanidade para se desenvolver ao mesmo ritmo que se desenvolveu nos sec. IXX e sec. XX precisa de dispor de energia transformável a uma taxa no mínimo equivalente ao triplo do consumo anual da atualidade (2011). Ora os recursos energéticos atuais têm sido maioritariamente suportados pelos combustíveis fósseis (gás, petróleo e carvão) cujos custos de remoção dos lixos e da compensação dos seus efeitos ambientais são mais de 10 vezes os custos atuais de comercialização ( cerca de 120 USD barril de petróleo). Isto significa que não estão a ser considerados estes custos e a energia que estamos a consumir está a ser paga pela geração atual a cerca de 10% daquilo que deveria ser. Mas alguém vai ter de pagar esses custos e os pagantes serão as gerações que atingirão a maioridade a partir desta data (2011) até pelo menos mais 50 anos se entretanto não tivermos despoletado consequência ambientais fatais para a vida na terra tal como a conhecemos atualmente.
O desenvolvimento da consciência ambiental na população do sec XXI em particular nas suas camadas jovens não consegue muito mais do que trazer à luz do dia o problema dos enormes custos, determinados pelo o atual modo de vida em sociedade e constantemente escamoteados pela classe política e por uma maioria da classe capitalista. O seu pagamento foi propositadamente adiado e propositadamente transposto para as gerações futuras da Humanidade e dos outros seres vivos.
Contudo os efeitos da destruição ambiental climática e biodiversidade começam a ser tão catastróficos (aquecimento global, desastres em centrais atómicas, etc.), que começa a ser difícil à classe política esconder a fatura.
As gerações presentes desde os adolescentes até aos reformados idosos têm de tomar consciência que o usufruto dos bens e serviços da sua comodidade não têm apenas os custos de aquisição e manutenção têm também os custos da reconstrução da estabilidade ambiental ( reciclagem e outros) e que para esses custos serem comportáveis para todos gerações presentes e futuras temos de basear o nosso modo de estar no mundo em três erres : Reduzir, Reutilizar, Reciclar.
O tempo das coisas descartáveis, do consumo sem regra e da elevação do dinheiro ao estatuto de deus tem os seus dias contados. Esperemos que já não seja demasiado tarde.

Os milionários americanos vão para a política por razões de status e respeito social. Os políticos portugueses vão para a política para ficarem milionários mesmo que percam o respeito social.

Este é um mal que atinge não apenas os dirigentes de cúpula dos partidos mas até os simples deputados municipais (vereadores ou não). A corrupção não é um pecado individual. É uma prática colectiva baseada no compadrio e tráfico de influência que é a base do sustento e crescimento da classe política.
Como exemplo próximo apresento um empreendimento de um hospital que foi patrocinado por um deputado de um dos partidos do arco do poder, que de forma interessante impôs ao investidor como condições do seu patrocínio: um determinado gabinete de projectos manifestamente impreparado para esse tipo de empreendimentos, que produziu um projecto e baixa qualidade, mas não contente com isso impôs como empreiteiro geral uma firma já com currículo de gestão duvidosa e de baixa qualidade técnica que por acaso foi declarada insolvente durante a realização da obra, deixando dezenas de pequenos sub-empreiteiros e trabalhadores na miséria e quase pondo em causa a execução desse hospital.
Mas mais grave ainda foi que esse deputado nem sequer foi eleito para as duas legislaturas nacionais durante as quais se realizou a obra. Ou seja o corrupto burlou mesmo até os seus corruptores. Mas garantidamente recebeu um benefício por "trabalho" que nem sequer concluiu sem nunca ter prestado contas à justiça por esta e por outras acções.
É assim a classe política portuguesa enriquece ilicitamente e bloqueia as leis que visavam criminalizar o enriquecimento ilícito (veja-se o comportamento do grupo parlamentar do PS.)