O artigo "UM MUNDO SEM GELO" publicado na National Geographic (PT) de Maio de 2012 deixa preocupados, senão estarrecidos, aqueles que ainda têm o hábito de pensar.
O artigo fala de épocas geológicas anteriores ao Homem em que comprovadamente se verificou um período de aquecimento global do nosso planeta, documentando em especial o MTPE ( Máximo Térmico do Paleoceno Eoceno ) que aconteceu há cerca de 56 milhões de anos ( cerca de 10 milhões de anos depois da extinção maciça coincidente com a extinção dos dinosaurios).
Os estudos dos investigadores actuais, apontam para um período de 150 mil anos seguintes a uma injeção maciça de carbono na atmosfera, de que derivou um grande aumento da temperatura média do planeta em terra mar e ar, tendo-se derretido todos os gelos polares, com subida do nível do mar a cerca de 80 m acima do nível actual.
A partir dessa altura a vida nunca mais foi a mesma: extinguiram-se muitas espécies e nasceram outras. A geografia planetária ficou muito diferente em função da subida do nível das águas.
Se fosse na atualidade a maioria das cidades mais populosas e um grande número de países seriam verdadeiramente varridos do mapa. Em seu lugar existiriam apenas mares lagos ou pântanos.
A civilização humana provavelmente não sobreviveria tal como a conhecemos. A nossa espécie e as espécies diretamente dependentes de nós ( os animais domésticos e as plantas que usamos na alimentação em particular as gramíneas como o trigo arroz ou o milho ) veriam o seu número e importância drasticamente reduzidos ou enfrentariam mesmo a extinção.
E tudo por causa do aquecimento global.
No tempo do MTPE não foi a queima de combustíveis fósseis que foi responsável por essa catástrofe. Suspeita-se que foi a libertação generalizada do metano que estava armazenado há milhões e milhões de anos nos fundos marinhos sob a forma de hidrato de metano. Esse hidrato de metano existe de forma natural no fundo do oceano, sob
uma forma de metano congelado mais conhecida como "gelo que queima".
Foi libertada para a atmosfera uma quantidade de carbono equivalente à que corresponde ao consumo de combustíveis fósseis pela humanidade mais o que ainda está armazenado nas reservas conhecidas.
O hidrato de metano só é estável numa faixa de temperaturas muito baixas cerca de 5º C e basta uma subida da temperatura de menos de 2º para o metano se libertar e borbulhar em cachão até à superfície. Como o metano tem um poder de "efeito de estufa" cerca de 20 vezes superior ao do CO2, facilmente se deduz que uma vez iniciada a sua libertação generalizada se forma um ciclo vicioso que só termina com o esgotamento do hidrato de metano dos fundos marinhos tendo como consequência direta, um estado do clima do planeta semelhante ao ocorrido no MTPE.
As reservas marinhas estimadas para o hidrato de metano são superiores à reservas conhecidas de petróleo mais gás natural (vide http://www.sorryaboutthat.net/methane_hydrate.html ) e já despertam a gula de companhias petrolíferas e de países como os USA para serem usadas como combustível barato em substituição do petróleo.
No MTPE o gatilho parecem ter sido os vulcões da espinha dorsal atlântica norte. Vide http://www.livescience.com/1481-volcanoes-triggered-ancient-warming-event.html
E o aquecimento global atual?....
Será que a Humanidade também já carregou no gatilho?
Se for verdade, com o nível de conhecimentos e tecnologia atuais nem a "água seca" nos poderá salvar...
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