20 setembro 2013

Uma visão pós marxista da teoria do valor 11


Os problemas fundamentais da economia

Os problemas fundamentais da economia atual enquanto ciência ou pelo menos conhecimento organizado, são explicar o funcionamento da sociedade mercantil de modo de produção capitalista 1 e dar orientações de atuação , (já que esta ciência não permite dar tecnologia):
1 – Sobre o funcionamento da sociedade humana atual em termos de “economia” , ou seja:
  • Os circuitos da circulação de bens e serviços desde a produção até à distribuição e consumo.
  • O conceito de valor e os mecanismos da sua criação e acumulação no tempo ao longo dos circuitos de circulação dos bens e serviços.
  • Os mecanismos de formação dos preços das mercadorias ao longo do circuito de circulação dos bens e serviços.
  • O dinheiro na economia e na sociedade
2 – Sobre a concentração do poder económico
3 – Sobre a repartição do rendimento e a formação dos salários
4 – Sobre as perturbações da atividade económica como a crise e a inflação
5 – Sobre o desenvolvimento económico e riqueza das nações
6 -:E ainda fazer previsões ou extrapolações para outros tipos de modo de produção possíveis em cenários futuros, sem deixar de explicar razoavelmente o passado.

Muito se escreveu sobre este tema nos últimos 2500 anos. Das dissertações dos estudiosos dos últimos duzentos anos nasceram vários ISMOS que ao longo dos tempos tentaram impor à sociedade uma organização baseada nas suas crenças, que foram quase sempre de caráter messiânico e pouco científico, por muito que os seus mentores e seguidores tivessem apregoado o contrário.
As escolas de pensamento económico sucederam-se , e depois de 1969 os prémios em memória de Alfred Nobel da economia foram todos os anos atribuídos, sem que os economistas, titulares do conhecimento acumulado neste campo, tenham conseguido responder aos cinco problemas enumerados, de modo ajustado a cada época.
E, muito menos lançar sequer a primeira pedra, para estender os conceitos para outros modos de produção ou organização económica da sociedade, teoricamente possíveis.
Em particular as perturbações da atividade económica como a inflação e a crise continuam a criar dramas sociais e a causar debates acesos entre os economistas e entre governantes e governados, sem que se vislumbre uma solução técnica para tais “avarias” da economia.
A emergência climática, e o esgotamentos de recursos, e os desastres causados pelos fenómenos extremos, levanta a premente necessidade, de um novo modelo de organização socioeconómica, com novos objetivos, sob pena sofrermos a 6ª extinção em massa planetária, que garantidamente será também a extinção da espécie humana.
Só que os economistas atuais não conseguem dar respostas

Pergunto então, para que servem os economistas?

Nos capítulos seguintes deste ensaio procurarei dar a minha resposta fora do pensamento das correntes dominantes entre os economistas (as do “main stream atual” e as “outsiders” atuais, candidatas a entrar na corrente principal, recolhendo todo o saber que se mostre útil independentemente da “escola” de onde vier.

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  O modo de produção capitalista
Uma sociedade com modo de produção capitalista, carateriza-se principalmente por três  propriedades básicas:
  • Economia de mercado – a produção é diferente do consumo, podendo ser igual, maior, ou menor do que este, num dado intervalo de tempo. A quantidade produzida e consumida nesse intervalo de tempo não é determinada por planeamento, mas por um sistema generalizado de leilões entre produtores e consumidores (oferta e procura) – o mercado.
  • Acumulação capitalista - os recursos de capital, representando trabalho indireto - Ti, intervenientes no processo de produção crescem no tempo aumentando proporcionalmente à média do fator de escassez ou coeficiente de oferta e procura - Op,  e da produtividade (TD+Ti)/TD no intervalo considerado, multiplicada pelo número de ciclos produção - consumo no mesmo intervalo.
  • Propriedade privada particular ou estatal do capital.
O crescimento do capital consegue fazer-se porque na sociedade com esse modo de produção existe uma capacidade produtiva global superior à capacidade global de consumo, porque este é limitado pelo poder econômico dos consumidores.
Se considerarmos  a seguinte fórmula como uma aproximação razoável para o cálculo da formação  dos preços : 
Caq (custo de aquisição)= (Td +bTi)/Td , Op+Fm+L+Ra
em que: Td é o trabalho direto; Ti é o trabalho indireto; Op é o fator de escassez, dependente da oferta e procura e Fm é o fator de monopólio; L - é o lucro da cadeia de produção e distribuição; Ra- é a comparticipação nos custos da Reconstrução ambiental ou apagamento da pégada ecológica. Sobre esta fórmula ver : http://penanet.blogspot.pt/2011/10/reposicao-das-condicoes-iniciais-e.html
 
Esse crescimento faz-se por três vias:
  • Apropriação do valor acrescentado  + Lucro gerado mercantilmente, por uma classe (a dos detentores do capital), que não o gasta todo com o seu consumo, disponibilizando o excedente material em bens e serviços, como trabalho indireto - Ti do ciclo seguinte (investimento)
  • Inserção no processo de produção, das conquistas tecnológicas que incorporam  mais trabalho indireto - Ti sob a forma de máquinas com mais automatismo e informação instrutiva – (aquela informação que devidamente processada por um sistema permite fazer coisas ou prestar serviços.)  Ou seja , pelo aumento da produtividade.
  • Utilizando numa fase do processo produtivo, créditos sob a forma de símbolos de valor (papel moeda ou outros) , gerados numa fase anterior do mesmo processo produtivo ou numa fase atual ou anterior de outro processo produtivo. (investimento)
O crescimento atrás relatado, significa no fundo, a incorporação de mais trabalho indireto – Ti, no processo produtivo quer seja por aumento da produtividade, quer seja por investimento .

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