29 outubro 2014

Para que nos servem os economistas?


Numa entrevista recente na rádio, o Bastonário da Ordem dos Economistas, afirmou publicamente que a economia não é uma ciência exata, pois todos os seus cálculos são previsões, que podem ser desmentidas pela realidade.
No entanto um ramo aparentado do conhecimento: a contabilidade, é uma ciência exata, que apresenta todos os seus resultados com precisão de um relógio suíço,  exceto quando os balanços contabilísticos se referem a empresas do setor financeiro, em que os lucros apurados, não passam de uma simples miragem, motivada pela gula da distribuição de dividendos e prémios de gestão.

Ser a economia uma arte semelhante ao Tarot  ou a um culto religioso feito por xamãs, que mandam chover ou fazer sol na bolsa de valores, até teria a sua graça, se as ações dos doutos economistas não tivessem consequências funestas nos nossos bolsos.
Se a economia não se pauta pela exatidão, então deveríamos olhar para os economistas como uma espécie de adivinhos e não como titulares de grau académico. A sua ciência não se pautando pelo rigor de cálculo,  não passa de mera especulação, senão mesmo de embuste premeditado.

Sendo assim, para que nos servem os economistas?
Esta alta classe de pessoas, pela graça de Deus, arroga-se ao direito a governar as empresas, os serviços públicos e as nações. Empenha-se em interpretar e mesmo reescrever o passado e prognosticar o futuro, ao sabor de cada nova  "teoria" que inventa, criando experimentos no laboratório social da vida, em que nós, os comuns dos mortais, não passamos de meras cobaias que na melhor da hipóteses servem para testar se a folha de cálculo que planifica a nossa austeridade tem algum erro básico de contas.

Essa espécie de seres desumanos, do alto das sua ilustre e soberba ignorância , sacrifica pessoas, massacra nações e aterroriza a humanidade em nome do deus lucro, cujo verbo encarnado nos fala do paraíso dos mercados, através dos textos da sua sagrada escritura revelada ao profeta Milton Friedman.

Apesar de se intitularem neoliberais, estes doutos especialistas em adivinhação, têm uma enorme aptidão para em nome do deus lucro, colaborarem com as mais negras ditaduras económicas ou políticas (1), renegando na prática a liberdade que apregoam nos discursos. Para eles a liberdade é apenas para o capital financeiro eliminar as classes médias e esmagar as classes mais baixas, na sociedade construída segundo sua bitola.

Esses cruzados guardiões da ordem do mercado, aproveitam (e até criam de propósito) as mais duras crises, para com uma política terra queimada, extorquirem e extirparem das sociedades contemporâneas tudo o que o que elas tenham de estado social Keynesiano ou mesmo qualquer  cheiro a socialista.

A sua verdade dita que a raiz de todos os males que afligem as sociedades é o demónio social, esteja ele disfarçado de :
  •  segurança social,
  •  escola pública,
  • “profit sharing” (participação nos lucros ),
  •  responsabilidade social,
  •  educação pública,
  • segurança pública,
  • economia verde
 ou mesmo quando aparece na sua encarnação de Satanás Socialista.   
Eles querem impor “a sua verdade,” nem que tenham de reescrever a realidade pressente ou passada, para condicionar aparecimento do futuro previsto por eles, mesmo que essa previsão seja o fruto de um erro básico de matemática.

A sua verdade é a mesma do “Big Brother”  exposta no livro “1984”.  Vejamos porque é que os ditos economistas fazem a sua guerra para condicionar a humanidade, citando a Wikipédia :

No livro, Orwell expõe uma teoria da Guerra. Segundo ele, o objetivo da guerra não é vencer o inimigo nem lutar por uma causa. O objetivo da guerra é manter o poder das classes altas, limitando o acesso à educação, à cultura e aos bens materiais das classes baixas. A guerra serve para destruir os bens materiais produzidos pelos pobres e para impedir que eles acumulem cultura e riqueza e se tornem uma ameaça aos poderosos. Assim, um dos lemas do Partido, "guerra é paz", é explicado no livro de Emmanuel Goldstein: "Uma paz verdadeiramente permanente seria o mesmo que a guerra permanente".

Mas  para implementar este tipo de escravatura da era industrial e violar os direitos humanos, já tivemos e temos e teremos os ditadores e os estados totalitários.  
Eles não conseguem explicar o funcionamento do modo de produção capitalista, que tem mais de 200 anos de vida e conviveu ao longo desse tempo com as mais doutas escolas do xamanismo económico.
Eles não conseguem justificar:
  • a inflação,
  • a crise
  • o desemprego
  • a austeridade
  • o crescimento
  • a evolução dos preços
  • o rating dos bancos e dos países
O único futuro que conseguiram "prognosticar" foi o das falcatruas financeiras depois delas terem sido tornadas públicas. Nem sequer conseguiram avisar sobre os perigos dos esquemas dos velhos embustes financeiros tipo pirâmide de Ponzi.


Afinal para é que queremos economistas?
 

08 outubro 2014

A um passo do abismo!


 A humanidade em geral e a civilização do sec XXI em particular, tem uma predileção especial em caminhar sobre o fio da navalha, assumindo atitudes de  risco que são típicas de fases juvenis dos seres humanos individuais.
Foi a guerra fria do sec XX, sempre a um passo da guerra nuclear generalizada. Foi o consumo descontrolado de combustíveis fósseis, sempre a um passo do desastre climático, ignorando os avisos da ciência e do clima. É o uso descontrolado (e com experiências muitas vezes secretas) de organismos geneticamente modificados, quando ainda estamos no início da compreensão do funcionamento dos mecanismos da vida, sempre a um passo de um desastre biológico à escala planetária. Foi e é o "esquecimento" generalizado por políticos e governantes mundiais, das regras de prudência dos 3 R, quando se impunha uma concertação global sobre a nossa evolução conjunta num futuro imediato. Isso conduz-nos todos a um passo de uma sociedade de escassez, em vez do nos dirigirmos em conjunto para uma sociedade da abundância preconizada por Karl Popper.
É o claro retrocesso planetário dos direitos dos cidadãos em favor dos "direitos" do capital financeiro, fazendo-nos aproximar do abismo dos estados totalitários, em vez de usufruirmos dos benefícios da revolução cientifico-técnica e da 4ª revolução da igualdade em curso desde o último quarto do sec XX.
Temos escapado sempre ao pior cenário, mas não é prudente continuar a abusar da sorte. A nossa capacidade de sobrevivência global não é ilimitada e se continuarmos a acumular erros básicos, de um momento para o outro pode rebentar o fio que segura a espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças.
O desastre sanitário (vírus ébola) que se abateu sobre a África equatorial e que já teve repercussões na vizinha Espanha, é disso uma prova cabal. 

Perante a iminência de catástrofes globais ou localizadas continuamos a comportar-nos como miúdos incautos a brincar com o fogo. Existem recursos científicos e tecnológicos que aliados  a uma atitude prudente nos permitiriam enfrentar os problemas atuais e alguns previsíveis para um futuro próximo. 
Nunca poderemos esquecer que temos o abismo da aniquilação como destino certo. Isso deriva das leis da termodinâmica, no entanto podemos afastar-nos conscientemente desse cenário nos tempos próximos em vez de caminharmos inconscientes pelas bordas do precipício.
 Vivemos num planeta azul muito bonito e aprazível, mas único no universo observável ao nosso alcance.
É conveniente não nos esquecermos que só temos uma vida e um só planeta à nossa disposição.