A democracia avançada
pautada pela atitude progressista
Reanalisando Democracia versus Epistocracia
Na democracia acreditamos:
1º - Que todos os cidadãos são equipotentes em termos de
direito a decidir o seu destino: princípio da Liberdade e Igualdade
republicanas;
2º - Que coletivamente os cidadãos tendem a decidir pelo bem
comum ou seja pelo que percebem que cause um contentamento o mais generalizado
possível, mesmo que em termos individuais, de grupo ou de classe essa
satisfação não atinja as máximas expectativas: princípio da Fraternidade
republicana.
Constata-se que na prática a Epistocracia ou governo dos
sábios esclarecidos, também não existe na sua forma ideal, pois mesmo um debate
seguido de decisão pode sofrer de erros involuntários imponderáveis ou de
decisões enviesadas por motivo de interesses individuais, de grupo ou de classe
e mesmo erros técnico científicos sistemáticos, derivados da adesão individual
dos decisores a uma doutrina ou escola de pensamento.
A acrescentar a estes argumentos que expõem as debilidades
de ambos os sistemas de governo, podem juntar-se a argumentos a favor de um
sistema misto que minimizando os inconvenientes consiga aproveitar as vantagens
ou pontos fortes de cada um.
Assim propõe-se a utilização do método democrático de
participação direta para todos os cidadãos que consigam passar num exame de
validação de competências para o assunto em análise e, cumulativamente, o
método de escolha de representantes previamente certificados seja por votação
democrática seja por contratualização da representação. Esses representantes
teriam um poder de voto múltiplo ou seja detém os votos dos seus
representantes. O colégio decisor seria então constituído por cidadãos com
competência certificada a título individual (1 homem um voto) mais os
representantes eleitos ou escolhidos a título coletivo (um homem múltiplos
votos). Deste modo ter-se-ia um colégio decisório de competência certificada.
Só falta encontrar um método que minimize os enviesamentos
anteriormente referidos: (interesses individuais, de grupo, de classe ou de
escola de pensamento). A forma de combater os enviesamentos, que tem
demonstrado maior sucesso é garantir o pluralismo ponderado demograficamente. A
História tem demonstrado que devem evitar-se a todo o custo todos os
monolitismos ideológicos, cultuais, de classe ou outros. A diversidade do
debate (com contraditório interpares) sem submissão obrigatória a disciplina de
grupo ou partido, aliada à chamada liberdade de voto, minimiza os
enviesamentos, quando a decisão é tomada por pessoas de competência
certificada, é a melhor garantia de decisão acertada.
É um dado empírico amplamente escrutinado por muitos
investigadores que:
- A maioria das
pessoas adultas são naturalmente “Hobbits” ou “Hooligans” – classificação esta
dada pelo filósofo e politólogo Jason Brennan, respetivamente para as pessoas
com atitude amorfa (cinzenta), e atitude fanática;
- Ninguém apresenta permanentemente uma atitude racional ou
de “Vulcano” na designação do filósofo referido.
Assim, há necessidade de a decisão epistocrática ser
validada por controlo externo a qualquer colégio decisor constituído por
“homens sábios”. Ainda não existe nenhuma classe de homens sempre
intrinsecamente sábios. Essa classe de “Homem Novo”, esclarecido e benevolente
foi um mito propagado pelos partidos comunistas, que caiu com o muro de Berlim
e a implosão da URSS.
A classe política atual é maioritariamente constituída por
“hooligans” mesmo que se apresentem travestidos de “hobbits”. São muito poucos
os que têm um comportamento racional de “vulcanos” e mesmo esses não conseguem
manter sempre esta atitude.
Se as pessoas individualmente são mais emocionais do que
racionais , então a racionalidade tem de ser garantida ou maximizada pela
estrutura externa. Ou seja a garantia de racionalidade só pode ser uma
aquisição social e não pessoal.
Fica assim plenamente demonstrado que não há
possibilidade de governos de “homens
sábios” ou epistocratas com o ser humano no seu estado atual de evolução
biológica.
O que pode ser implementado no estado atual da ciência e da
técnica, são organizações com uma dose mensurável de epistocracia. É sobre esse
objetivo que deve ser posto o foco das pessoas progressistas.