21 junho 2024

poemas da adolescência 3- farpas

Farpas para os novos regulamentos


Não fazer isto, não fazer aquilo...
"É proibido estacionar na frente do Liceu..."
Aí, Jesus! Que lá vou eu !
Com tanta arbitrariedade.
Se isto antes valia pouco 
agora é uma  nulidade!
Mas quem manda é quem o quer. 
Pois até nos " feriados"
Quer que sejamos obrigados
 a aturar o " Xavier".
 "Antes de chegar o professor, 
os alunos devem esperar 
sentados, calados no seu lugar."
Como somos "obedientes"
Contrariamos  o que isso é.
 Fazemos por ser diferentes
E ficamos todos de pé.
"Aos que comem na cantina",
Como comem bem e barato,
" É proibido ir lá para fora..."
Têm medo, se calhar ,  
Que possamos revelar
 o que nos pôem no prato.
Ou então  que da sobremesa 
de um biscoito ou uma castanha
Ainda nos sobre com certeza 
Uma quantidade tamanha
Que a gente em a vendendo
Tenha tantos dividendos
Que cheguem para comer lá fora.
E com esta termino por agora
Não vá sair mais um regulamento
Que me proíba de pensar
 e expressar o pensamento



(17anos)




20 junho 2024

Poemas da adolescência 2 farpas

O meu professor de português era um nacionalista inveterado que apregoava alto e bom som, os feitos reais ou inventados dos Portugueses, sem sequer atender ao bom senso. Vão para ele estás "farpas""

Esta crítica aos exageros
Será menos que acerada 
Não vão chover sobre mim
setes e oitos. Que maçada!

"Luís Vaz de Camões!"- 
Grita o professor exaltado.
O maior poeta e português 
Que neste mundo foi nado.
Se pusermos as suas obras
Num prato de uma balança.
E as dos demais no outro prato,
Tende em Camões confiança!
Porque se inclinará a balança
Para o nosso maior literato!
Mas eis que então acontece
Aquilo que nunca se viu!
Diz um aluno :-"Ao que me parece,
Com tanto exagero em cima,
Creio que a balança se partiu!"


(17 anos )

Poemas da adolescência




A felicidade perdida

Depois de um desgosto de amor


Procuraste-me e deitei-te fora

Achei que eras convencida.

Agora sou eu quem procura

Mas tu continuas.... perdida

Como me censuro agora

Por não ter ter guardado bem

Por ter atirado fora 

O melhor que o mundo tem

Vejo - te com outra gente

Mas não queres a mim voltar,

Vem ao menos levemente

Minha felicidade interíor

Vem ao menos p'ra tornar

a minha tristeza menor.

(15 anos)


16 junho 2024

Poemas da Infância 3 - Contador de estórias


Quando tinha oito anos conteceu-me uma noite cerca das 22h estar acordado na cama (em 1961 não tínhamos televisão) sem conseguir conciliar o sono e

Queixei-me disso ao meu pai que me deu a receita de fazer de conta que estava a contar uma estória para os mais novos. Assim fiz e adormeci. Desde então. As melhores estórias que imaginava passava-as para um caderninho


Contador de estórias

de lendas e glórias,

passadas...

de viagens e contendas 

dos heróis das crianças,

presentes...

Gravas-nos na  memória

Outros feitos e lembranças,

de outras gentes...

E, por veredas e ruelas,

deixas no pó das estrelas, 

as marcas das tuas pégadas. 

Os contos mágicos que lanças,

criam sonhos nas crianças,

pasmadas...

com estórias de encantar:

de magos, heróis e vilões,

homens de lata, leões,

 bichos que sabem falar

e outras esquisitices,

de outras terras e outras gentes,

em tudo de nós tão diferentes,

que até colhem da árvore dos bifes,

a carne para se alimentar.

"E, nas suas deslocações,

até destinos bem distantes,

não vão como os demais viajantes.

Mandam abrir os portais 

E sem ser preciso usar

carros, barcos e aviões.

Basta-lhes atravessar

A superfície brilhante

Da janela que os conduz,

Por outras dimensões

Mais rápido do que a luz.

E fazem coisas de pasmar

Como ter um pé na terra

E outro no chão lunar. 

Com tal tecnologia,

Que por mais que a estude 

Não a distingo da magia."


(10 anos com uns retoques de 2024 ),


11 junho 2024

Poesia o percurso 1- Na infância

 "Nos primeiros contactos entre a curiosidade e a sede de saber, a rima poética deixou uma marca profunda num espirito sonhador e criativo que decidiu criar em palavras a emoção das cores registadas pelo meu olhar sobre o mundo."

O Vendedor de rosas

Que belas cores!

Têm as flores!,

Brancas? vermelhas?

Comprem senhores!

Sintam os cheiros. 

Sejam os primeiros

a ver as centelhas

que tem o brilho 

dos olhos dos vossos amores

ao receber este ramo de rosas!


(7 anos de idade)