Muitos comentadores notáveis ou anónimos, quando
confrontados com as declarações e com a prática passadas e presentes do sr.
Trump ou com as ameaças que ele faz ao futuro, dizem que o personagem deve
estar doente.
A disfunção mais diagnosticada é a cretinice (burrice ou
retardamento mental). Muitas apontam-lhe taras sexuais, alguns atribuem-lhe xenofobia
e outras psicoses relacionadas. Poucos lhe diagnosticam ser intrinsecamente mal
intencionado e ainda menos o consideram apenas um jogador viciado, que joga com
as frustrações de uns contra as expectativas dos demais.
Penso que os diagnósticos peçam por defeito, pois apontam
para doenças pouco perigosas, pouco contagiosas, ridículas e mesmo quase
benignas .
A mim, pelo contrário, parece-me que o homem tem problemas sérios, altamente
contagiosos e perigosos para ele e para o mundo, com o potencial de gerar a
mais grave epidemia dos últimos 100 anos.
Não o vejo como um
pateta alegre semelhante ao J W Bush, que cometia gafe sobre gafe,
exibia a sua ignorância saloia e com um copo a mais não passava além da falta
de cultura e de sensibilidade de um rancheiro provinciano a quem as cunhas
familiares e tricas da política, promoveram a presidente do maior país capitalista
do mundo. Não! Eu não vejo assim o sr. Trump!
Estou muito longe de o achar um palhaço caricatura de presidente.
O meu diagnóstico é que o personagem sofre de uma forma
grave do síndrome de Ubris (Ubrius em Latim), um complexo messiânico, que afeta
uma grande parte da população sénior do mundo, num grau tanto mais elevado
quanto maior for a posição hierárquica ou o poder de que dispõe.
https://renovacaomedica.wordpress.com/2012/10/08/sindrome-de-hubris-qualquer-semelhanca-nao-e-mera-coincidencia/
Todos os grandes ditadores da era moderma, como Hitler,
Salazar, Perón, Estaline, Kim Il Sung, Sadam
Hussein, Kadafi, ou os imperadores da antiguidade clássica como Nero e Calígula
ou reis de tempos mais recentes como Henrique VIII e Luis XVI ou mesmo líderes religiosos recentes,
apresentavam estádios avançados dessa doença.
O grande perigo desta doença como disse atrás: é ser
altamente contagiosa, com uma forma de contágio que não se fazendo por via
biológica (bactérias e vírus), não pode ser combatida com antibióticos nem vacinas.
Esta doença difunde o ideal simples maniqueísta, de que o
mundo está dividido em duas classes: os bons e os maus, que se digladiam
eternamente, sendo os bons os seguidores do doente e os maus todos os outros.
Os bons, segundo esses doentes, têm a missão messiânica de
salvar os escolhidos e de eliminar a maldade do mundo. Às vezes, num raro assomo
de misericórdia, lá admitem que por intermédio do arrependimento, da conversão
e da pública demonstração da sua submissão, alguns escolhidos de entre os maus,
são beneficiados com o prémio da salvação.
Para comprovar o seu merecimento a uma salvação já neste
mundo e alcançar as graças do mundo espiritual ou a veneração da História, os
bons quais super-heróis, têm de ser os paladinos esforçados dos ideais, práticas
e propriedades do doente e do seu séquito, num respeito rígido pela hierarquia
social instituída.
Estes ideais simplistas, calam fundo nas sociedades com
altos níveis de frustração e com classes médias acossadas materialmente, a
perder representatividade económica e ideológica na sociedade e vazias de projetos para o futuro próximo.
Assim se difundem facilmente o ódio social: de classe ou
religioso, a solução dos conflitos pela violência e o terrorismo maquiavélico, em que a suposta bondade
dos fins, justifica o uso de todos os meios, mesmo aqueles que atentam contra
os direitos humanos mais básicos, esforçadamente conquistados pela humanidade,
ao longo da sua evolução civilizacional.
O verdadeiro perigo desta doença não está em afetar os
líderes e uma grande parte da população sénior. A gravidade da doença é que há
grandes franjas da população jovem que também podem ser infetadas por este
complexo messiânico e por isso são facilmente arregimentadas para atuar e
morrer cegamente, como soldados, como heróis ou como mártires, ao serviço de
interesses materiais ou ideológicos de classes, hierarquias e eminências pardas,
que gravitam na esfera do doente principal. Mas infelizmente não morrem
sozinhos. Levam consigo muitos inocentes na voragem das ações motivadas pela
sua loucura: basta olhar para a história do
Sec. XX.
O mundo está sob a espada de Damócles e esses doentes estão a fazer tudo para rebentar
o fio que a suspende.
Este problema num mundo globalizado exige uma resposta
global. Todos os cidadãos do mundo têm a obrigação defender a sanidade mental da
humanidade, à luz do legado do passado, da
vida do presente e da esperança no futuro.
Assim a contestação perseverante e organizada ao Trump, ao “trumpismo”
e aos “trumpistas”, assume a maior importância no momento atual.
É muito importante a contestação dos artistas, seja ela
direta, seja através do humor, da caricatura, da música ou de opinião nos “
mass media”, escritos ou digitais, é
mesmo a primeira barreira de defesa da liberdade.
A segunda barreira é a contestação pública organizada,
especialmente a de rua.
A terceira barreira é também organizada e é a contestação
através das organizações profissionais: laborais e patronais.
A quarta barreira é o litígio jurídico, na justiça dos USA e
nos tribunais e outras instâncias internacionais sempre que seja infringido o
estado de direito ou o direito inter-estados.
A quinta barreira é a dos cientistas especialmente os da
medicina e psiquiatria que devem coligir as provas materiais da insanidade
mental do personagem, da sua incapacidade para governar e pedir a sua interdição
através dos órgãos de justiça, do parlamento e do senado.
A sexta barreira é a solução militar que já foi usada contra
personagens anteriores, à custa de sangue suor e lágrimas, mas que neste caso,
pela sua extrema perigosidade, tem de ser usada com a máxima prudência, sempre
à luz do direito internacional e deve ser liderada pela ONU. E, além disso,
exige a adesão de uma larga maioria dos membros das Forças Armadas dos USA,
pois atuar no momento errado ou carregar no botão errado, pode desencadear o Apocalipse
e extinção da Humanidade.
Estamos à beira do abismo e não podemos dar um passo em
falso. Os trumpistas sabem disso e por essa razão vão jogando com as nossas
limitações, pois eles não têm nada a perder: são doentes insanos com um
complexo messiânico, que pela fidelidade à sua crença, creem ter garantida a
salvação.
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