08 abril 2024

Hipótese tenebrosa 1

"Vêm aí os Russos! " ( Filme sobre a guerra, do género comédia,  de Norman Jewison, 1966.).. Eram os tempos da Guerra Fria... Quem se lembra ? Vivíamos no terror permanente, de ser imolados, a qualquer momento,  num holocausto nuclear, provocado por uns copos de vodca bebidos a mais, pelo pessoal de turno,  nos silos de mísseis atómicos da Sibéria (e...os russos que conhecíamos bebiam sempre demasiado....), ou por alucinações provocadas, por consumo excessivo, de "Whiskey" pelos militares das forças de dissuasão americanas, nos seus "bunkers" enterrados no coração  das Montanhas Rochosas. 

Apesar da gravidade, gozavamos os de cá e os de lá. E, as visitas que fazíamos ao propagandeado paraíso do outro lado, mostravam uma discordante realidade mas, proporcionavam bons negócios segundo o ponto de vista de visitantes e visitados: trocava-se um par de calças Levis, por uma máquina fotográfica com lentes Leica. Eram os tempos do "Back in USSR", dos Beatles....

"A liberdade dos povos europeus decide-se campos de batalha da Ucrânia... Não nos falta coragem, nem combatentes... Faltam-nos, tanques, mísseis, aviões, drones  canhões e munições "( Vlodomir  Zelensky e em todas as mensagens que envia para os governantes e media ocidentais)

"O Czar Putin quer reconstituir  o Império Soviético! " ( Frase muito repetida na SIC pelo meu conterrâneo José Milhazes, Jornalista Português )

Esta discussão, no momento atual, está no debate político dos governantes e oposições, não só em Portugal, mas também, em quase toda a Europa e também entre a juventude dos países da NATO.

É um debate muito mediatizado e é também um tema muito usado por partidos populistas, na sedução dos seus votantes.

O que tenho verificado, é que esta discussão se faz com pouco recurso a argumentos objetivos e racionais e, pelo contrario, é feita com viés de vários tipos de carga emocional excessiva .

Essa carga emocional, fundamenta-se numa ameaça concreta ou imaginada, de um inimigo estrangeiro.

Com a atual situação das guerras Ucrânia-Rússia e Israel-Palestina, mesmo nas fronteiras da Europa, com a participação da logística da UE e da NATO nestes conflitos, a ameaça ganhou rostos plausíveis: 

–um inimigo concreto - A Rússia -

- um inimigo ideológico - O Islão na sua interpretação mais radical

-- um inimigo económico - A China

E segundo os seus políticos, os Europeus, ganharam, uma bandeira, um ideário comum, pelo qual devem lutar : 

-A Democracia Liberal, 

-o Direito Internacional e 

- a Economia de Livre Mercado.

Perdidos que estão, os patriotismos e soberanias nacionais, a favor de uma abstracta e não sentida, mas consentida, União Europeia, com a sua identidade cada vez mais adulterada por cosmovisões, religiões, culturas, práticas políticas e económicas, atitudes e valores, oriundas dos países do Leste Europeu, ex-satélites da União Soviética, verifico que os mesmos políticos preconizam o regresso do Serviço Militar Obrigatório, que, ainda há pouco, tinham desmantelado, em favor do Serviço Militar Profissionalizado, que então implantaram em toda a NATO.

O problema é que as juventudes europeias, incluindo as dos países beligerantes, não aderiu como era desejado por eles, a este guião do Globalismo ou Internacionalismo Capitalista.

Pelo contrário, aderiu a um guião nacionalista, xenófobo e mesmo racista, dos partidos populistas anti-sistema, vozes de uma extrema direita, cada vez menos liberal, mais intolerante, e com um  discurso de ódio, cada vez mais vincadamente fascista. 

Nas últimas eleições, estes partidos populistas, que atingiram 20% dos votantes em muitos países e, que já estão no governo, em países do leste e centro da Europa, cresceram muito eleitoralmente, influenciando as políticas : interna e externa da UE e, em particular, a sua Política de Defesa. Tentam convencer os contribuintes europeus que a sua sobrevivência, depende do valor  do Orçamento no campo Militar ao qual chamam de Defesa.

Para isso, as elites dominantes mundiais,  as verdadeiras faces ocultas, representantes do "lado negro da humanidade", prepararam as populações,  pelo menos desde a década de 70 do século XX, em que nas Seleções do Readers Digest se publicavam artigos a falar da "Cintura de fogo Islâmica da União Soviética"

Ou, no rescaldo do conflito Israel - Líbano , num documentário da BBC sobre os negócios do armamento, o negociante de armas Inglês Samuel Cummings (1) respondia à pergunta do entrevistador sobre onde seria a próxima guerra "- vai ser retalhado um país próximo da Europa dentro em breve ! ' e o documentário terminava com a frase: "Não será o Líbano! Porque já foi desfeito e dividido entre Israel Síria e Irão ".  A 17 de Agosto de 1990 começou o conflito étnico religioso, Denominado Guerra Civil na Jugoslávia, que levou ao desmembramento deste estado e espalhou durante mais de uma década: a destruição, carnificina e ódio, neste país então ainda formalmente socialista.

juventude europeia nascida depois de 1990, apresenta-se atualmente como a geração jovem, mais bem preparada e reivindica, cada vez mais cedo, uma participação mais ativa nas decisões,  tanto a nível político como a nível económico, invocando cognome supremacista de "nativos digitais".

Penso que esta visão que os jovens europeus querem passar de si mesmos, não corresponde à realidade. E também penso que, com a ingenuidade que colectivamente demonstram, são presas fáceis dos extremismos, em especial dos da direita.

Não estão mais bem preparados, apesar de terem frequêcia de mais anos de escolaridade média e universitária  e ostentarem mais diplomas do ensino médio e superior, pois, apenas sabem mais, sobre ciências e tecnologias , cada vez mais efémeras e de âmbito mais restrito. 

Note-se que o tempo médio dos ciclos tecnológicos, nas áreas da economia mais afetados pela digitalização, está em menos de dois anos. O que significa que: um jovem recém formado, ao terminar os estudos, pode já estar a precisar de reciclagem e formação adicional, em matérias supostamentevda sua esfera de competência, para não ser considerado profissionalmente obsoleto. 

Essa necessidade de aprendizagem contínua e estratégicamente orientada, para atualizaçao profissional ao longo da vida, esbarra no déficit de leitura e falta de vontade de aprender continuamente, apresentado, em média, pelas gerações mais jóvens.

 A sua alardeada familiaridade com as tecnologias digitais, não demonstra conferir-lhes vantagem competitiva sobre as IA e Robôs, mesmo nas operações militares.

As gerações jovens apresentam ainda deficits de cosmovisão, coerente com o estado atual da ciência e da tecnologia. 

São raros os universitários que leram o livro A 4ª Revolução Industrial, de Klaus Schwab; ou A Revolução do Algoritmo Mestre de Pedro Domingues; ou One Earth4All - Um guia de sobrevivência para a Humanidade, de Sandrine Dixon - Decleve

Apesar de muitos já terem instalada nos seus telemóveis, a APP com IA a fazer Tic Tocs de animações a partir de fotos deles ou dos amigos e de comandarem os seus Gadjets pela voz .

Por isso, embarcam tão facilmente em falsas notícias e falsos cenários divulgados sem qualquer controlo, pelas redes sociais, que frequentam. 

Em média, deixaram de perseguir um objetivo concreto, mesmo que utópico, para se contentarem em viver uma realidade virtual, em cenários apocalípticos ou pós -apocalípticos, baseados em mitologias primitivas, negacionismos e pseudo-ciência, propagandeados nos media, pela indústria dos jogos e por políticos populistas, sem escrúpulos, que agem a soldo de elites de face oculta, detentoras do capital financeiro e donas dos complexos económicos das indústrias de: 

- energia, 

- combustíveis fósseis

- química

- farmacêutica 

- agro-alimentar

- construção 

- transportes

- logística militar

- eletrónica digital

- tecnologias da informação e computação , e todas as demais, que possam ser monopolizadas pelo capital financeiro.

Não foi por acaso, que os desenhos animados que, inicialmente, contavam fábulas ou estórias, com a moral baseada nos valores da bondade, solidariedade, liberdade, ordem, patriotismo, respeito (pelas pessoas, pelos animais e  pela natureza, pelo bem público, pela privacidade, pela propriedade privada e coletiva,) passaram a fazer a apologia da violência e a desvalorizar a vida humana, enaltecendo pseudo heroîsmos e capacidade de matar ou cometer crimes. 

Não é por acaso, que as atuais maiores audiências nos programas de TV, estão nos “reality shows”, e nas redes sociais dos jovens (e... A doença já chegou aos memos jovens), onde se expõe a vida privada dos intervenientes, em situações de conflito ou de relacionamento amoroso e sexual. Intervenientes esses, que aceitaram trocar a exposição pública da sua vida íntima, por um efémero período de fama.

No fundo estão a criar na população exposta, especialmente na juventude, um clima de banalização do mal, que deixa as pessoas com referências erradas e, por isso, permeáveis à solicitaçao de comportamentos  extremistas.

 O sistema educativo estatal e privado, abandonou a transmissão de uma visão holística e integrada da vida real, e passou a transmitir apenas ciência e tecnologias muito parcelares. 

Um Sistema Educativo assim, que não transmite à geração seguinte, cultura e valores ou transmite a cultura e valores errados, em desacordo com as conquistas civilizacionais, não passa de um sistema instrutivo e para cúmulo, deficiente (“handicaped”).

Daí que, à juventude atual, lhe falte uma cosmovisão coerente coma civilização atual.

É interesse do estado colmatar estas falhas e dotar as gerações jóvens de sabedoria e valores conducentes com as necessidades nacionais globais.

Se elencarmos os desafios, perigos e ameaças ou insuficiências a que a sociedade portuguesa está sujeita, poderemos elaborar uma estratégia de defesa para os enfrentar, conter e eliminar. Isto significa que devemos fazer um plano de trabalhos com o respetivo caderno de encargos.

Os problemas, suscetíveis de resolução ou mitigação por intermédio de recursos de defesa podem organizar-se em três grandes grupos:

1–ambiente e recursos naturais 

2-alterações climáticas, catástrofes naturais geológicas ou siderais, emergências sociais, emergências sanitárias, nucleares, bacteriológicas e químicas

3- guerra, terrorismo, crime organizado, atividades subversivas do estado de direito ou atentatórias dos direitos humanos.

(1)https://en.m.wikipedia.org/wiki/Samuel_Cummings

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