Num município que pretenda ter uma população fixada ao seu
território, com um nível de vida que a situe maioritariamente na classe média e
com poucos elementos a viver no nível de dependência (pobreza), a gestão municipal
tem de preocupar-se em ter um tecido económico saudável que absorva os
recursos humanos disponíveis, ou seja, tem de
preocupar-se em fixar o capital local (dos seus munícipes), captar
capital externo (investidores nacionais e ou estrangeiros) e disponibilizar os
recursos materiais, humanos e organizativos, necessários para o seu projeto de
desenvolvimento.
A disponibilidade de recursos humanos em quantidade e
qualidade necessárias é um dos principais condicionantes de qualquer projeto de
investimento e é tão importante como a disponibilidade de capital financeiro,
infraestruturas e enquadramento legal.
A visão republicana do funcionamento da economia assume que
a responsabilidade da angariação e gestão dos recursos de capital deve ser maioritariamente
dos empresários investidores, cabendo ao setor público (neste caso o município)
disponibilizar: as infraestruturas de uso comum, o correto enquadramento legal (incluindo
o enquadramento tributário adequado) e recursos humanos qualificados. Esses
recursos humanos são os que já estão fixados no território municipal mais os
que se possam angariar dentro do território nacional e na
UE e, em último recurso, imigrantes de fora da Europa.
Embora a qualificação dos recursos humanos deva ser vista
como pertencente à esfera da liberdade individual, como uma responsabilidade
pessoal, a gestão municipal deve criar as condições de motivação e
enquadramento da formação dos seus munícipes de modo a ter maximizada a
disponibilidade de recursos humanos locais, com o máximo de qualificações
possível. Essa formação qualificada deve antecipar o desenvolvimento dos
projetos de investimento.
Entendemos que a instrução escolar básica e secundária deve
ser uma instrução menos genérica e desde cedo mais especializada. No fundo,
deve ser um aperfeiçoamento do que foram as antigas escolas comerciais e
industriais e do que é o atual ensino profissional. A educação e a formação
devem habilitar as gerações mais jovens com os conhecimentos culturais,
científicos e técnicos adequados para uma inserção na vida ativa o mais cedo
possível, de forma adequada às capacidades individuais e projetos pessoais de
vida.
Como a economia atual: a economia do conhecimento, já não se
baseia no trabalhador indiferenciado, mas sim no trabalho especializado, cada
vez com habilitações mais elevadas, a educação assume cada vez mais o seu papel
de investimento no capital humano. Seria de esperar que na era atual da
revolução cientifico-técnica o estado central, as autarquias e as empresas particulares
contribuíssem para um aumento desse investimento na proporção da evolução da economia.
Parece não ser o que tem acontecido em Portugal nos últimos 13 anos, pelo menos
ao nível do volume de negócios das empresas privadas do setor, de acordo com os
dados disponibilizados pela Pordata entre 1996 e 2015. http://www.pordata.pt/Portugal/Volume+m%c3%a9dio+de+neg%c3%b3cios+das+empresas+total+e+por+sector+de+actividade+econ%c3%b3mica-2921
Consultando os dados relativos ao estado, disponíveis na
mesma fonte, vê-se que o valor praticamente estagnou de 2001 a 2016. http://www.pordata.pt/Portugal/Despesas+do+Estado+em+educa%c3%a7%c3%a3o+execu%c3%a7%c3%a3o+or%c3%a7amental-866.
Estes dados provam que a educação e a formação não estão a
ser vistas pelo estado e pelos particulares (empresas e pessoas) como um
investimento estratégico.
Num artigo publicado neste blog em maio de 2012 demonstrei
que a educação (e a formação) é uma das formas de poupança (acumulação de
capital) que existe na sociedade humana. https://penanet.blogspot.pt/2012/05/educacao-e-o-interesse-do-estado.html
Um município que deseje ver a sua população melhorar o nível de vida e aumentar as suas receitas sem aumentar a carga fiscal, tem de promover a formação tecnológica contínua da sua geração ativa e tem igualmente de promover a educação tecnológica o mais elevada possível para a geração pré ativa.
A educação não é uma despesa para o estado nem para os particulares, mas sim um investimento.
E…
um investimento que deve ser muito cuidado, para proporcionar os melhores resultados.
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