Procuram-se líderes com coragem para governar em situações de emergência global
Governar em épocas de tensão militar, económica, ou social, causadas pelo homem ou pela natureza, exige dos que detêm o poder, além da capacidade técnica e prudência, uma capacidade de decisão rápida e assertiva.
Nestas situações, não se pode governar esperando que o tempo resolva ou acabe por apontar a melhor solução. Em situações de tensão extrema a janela temporal de oportunidade para tomar a decisão certa é muito estreita: às vezes apenas uma questão de minutos.
Era por isso que já há cerca de 2500 anos, na pátria berço da democracia: a Grécia, se substituía a decisão colegial participada dos cidadãos, pela decisão baseada na genialidade de um chefe todo poderoso, muitas vezes um ditador.
Note-se que eu sou republicano e democrata convicto e não sou adepto de monarquias ou ditaduras. Acredito na bondade genérica da decisão colegial mesmo que esse colégio seja socialmente restrito como um parlamento.
Contudo, em situações de crise, a necessidade de uma decisão assertiva e atempada, já então não se compadecia, nem agora se compadece, com os jogos da negociação política democrática dos tempos de normalidade social, necessariamente morosos a obter decisões por maioria expressiva ou por consenso alargado.
A política é jogada num jogo de interesses de pessoas e grupos que de forma legítima procuram alargar a sua influência ou o seu poder na sociedade. No jogo político tradicional, cada parte procura obter vantagem imediata, na esperança de a poder conservar a longo prazo. Raramente se planeia a melhoria sustentada das condições de todos a longo prazo. Na cultura popular diz-se que não importa que eu esteja mal, se os outros estiverem pior do que eu.
A política tradicional joga-se bem quando os adversários são conhecidos e relativamente próximos de nós, em relação aos quais podemos prever ou traçar cenários do seu comportamento, durante um período suficientemente alargado, bem dentro das janelas de oportunidade temporal das das nossas ações.
Quando o decisor se depara com situações imprevistas, com dados que não têm semelhança com a experiência passada, tende na mesma a decidir por analogia, embora possa apresentar alguma criatividade, e, tendo tempo suficiente, pode aprimorar a sua decisão pelo método das aproximações sucessivas, também conhecido por método da tentativa, erro e correção. O grande problema é que nas situações de grande urgência e gravidade, muitas vezes não há tempo para aplicar este método.
Quando se falha morre-se e fora dos jogos virtuais, no mundo real só temos uma vida.
Nesta já pandemia da pneumonia viral COVID-19, estamos numa situação de emergência global, em que se enfrenta um inimigo quase desconhecido, apesar do seu nome genérico ser igual ao de um inimigo bem conhecido: a gripe.
Isto exige decisões rápidas, assertivas e corajosas por parte dos governantes e oposições democráticas. Foi isso que falhou e continua a falhar. A classe política e as classes economicamente dominantes, continuam a fazer os seus joguinhos, como se tivessem todo o tempo do mundo e fosse possível ganhar ou perder, sem consequências globais e potencialmente fatais para muitas pessoas, setores da sociedade, regiões e países. E isto acontece apesar da única solução possível com resultados favoráveis, ser bem conhecida nos seus efeitos positivos e efeitos colaterais negativos.
A única solução atualmente, e desde o início, sempre disponível para os decisores, chama-se contenção e isolamento, que bloqueia, restringe e atrasa a propagação da onda epidémica, durante o tempo necessário para se encontrar outra solução por intermédio das ciências da saúde.
É claro que esta solução tem efeitos colaterais e custos sociais e económicos elevados, mas mesmo assim muito menores a longo prazo, do que os da solução adotada pelos governantes e políticos europeus incluindo os nossos. Eles optaram por deixar a epidemia difundir-se baseados no princípio cínico de que numa guerra, entre mortos e feridos alguém há de escapar.
Uma das considerações que se ouve até na comunicação social, é que esta epidemia só é mais perigosa para as pessoas de idade e com doenças crónicas, em especial as que causem imunodepressão e que comparada com a gripe normal até tem havido menos mortos. Esta afirmação além de um cinismo intrínseco pelo desprezo manifestado pelas gerações mais idosas, passa subrepticiamente a mensagem de que esta classe de cidadãos já são socialmente descartáveis e por isso a sua morte até pode trazer, a médio prazo, benefício económico para a sociedade pela diminuição dos encargos sociais que se tornaram cada vez maiores devido ao envelhecimento populacional acelerado nos países economicamente mais desenvolvidos.
Esta atitude quer dos governantes quer dos líderes da classe política e dos líderes dos setores económicos mais importantes (grandes empresas), norteou ao ação dos que detêm o poder, desde o início do surto em 31-12 2019, até pelo menos 09-03-2020, data em que num país inteiro: a Itália, foi decretada quarentena.
Foi este atraso na decisão, esta falta de coragem, esta falta de visão estratégica, esta negligência dos governantes e líderes político - económicos, focados no lucro imediato e na esperança de que a desgraça só batesse à porta dos outros, especialmente dos mais desfavorecidos económica e socialmente, que fez com que um surto localizado e controlável no seu início, se tornasse uma pandemia global que vai atingir toda a humanidade, em todos os lugares deste planeta, causando fatalidades, crise económica, caos social e sabe-se lá o que mais, se no curto período dos 2 a 3 próximos meses, não for encontrada uma vacina ou tratamento eficazes.
Para a classe política, é habitual que a culpa morra solteira ou que seja passada para a globalidade dos cidadãos, isentando das responsabilidades pelos seus atos ou omissões todos os que exercem o poder.
Contudo, eu e muitos outros estudiosos, já demonstramos que o custo da reposição das condições iniciais, ou seja o apagar do rasto das nossas ações sobre a Terra, é um valor que é obrigatório ter em conta em toda a atividade humana, não podendo o seu pagamento ser postergado para um futuro para lá do horizonte temporal dessas atividades, sob a pena de causar grandes catástrofes sociais e ambientais. Este custo de reposição das condições anteriores ao início da epidemia, seria globalmente comportável, se esta ficasse contida num só país, mesmo que este seja economicamente importante em quase todos os setores da atividade económica e financeira. Não pagar esse custo no início, mantendo abertas fronteiras, não iniciando atempadamente medidas de contenção drásticas e e não ativar medidas de solidariedade entre estados, levou à situação de descontrolo atual que terá custos globais milhares de vezes maiores.
Vide http://penanet.blogspot.com/2011/10/reposicao-das-condicoes-iniciais-e.html
(citação):
“… há uma outra classe de custos que é o do apagar a pegada da nossa passagem pelo mundo, repondo as condições iniciais do enquadramento ambiental e social que permitiram a continuidade da produção e a continuidade das gerações humanas e demais seres vivos.
Esse custo é chamado de REPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES INICIAIS. ...”
Ver também http://penanet.blogspot.com/2018/11/os-custos-escondidos-da-reconstrucao-da.html
e vários outros artigos no mesmo blog onde é abordado o custo dos bens e serviços.
A necessidade de medidas corajosas de contenção, como a restrição da mobilidade de pessoas mercadorias e capitais, advém diretamente das características particulares deste surto e da sua propagação em ambiente de uma sociedade de consumo urbana e globalizada, como passo a demonstrar nos próximos parágrafos, em que analiso um cenário plausível, baseado em dados médios, publicamente aceites para descrever a sociedade e situação atuais.
Infelizmente estão a materializar-se as minhas piores previsões. Esta doença já não é mais um surto local confinado e controlável, mas sim uma pandemia que até pode ficar fora de controlo.
Segundo as informações disponíveis ao dia de hoje 10-03-2020 às 9 h, há 114 544 pessoas doentes confirmadas, com um total de 4026 mortos e apenas 64031 recuperados, o que significa que dos atuais doentes ainda podem morrer mais.
A taxa de mortalidade registada atual é de 3,5 % ou seja cerca de 10 a 30 vezes a taxa média da gripe normal (0,1 – 0,3 %). Na Itália a taxa de mortalidade é muito preocupante mais de 5%. Esta epidemia já está já espalhada por mais de 100 países com contágios locais iniciados e a crescer.
Devido ao elevado tempo de latência (tempo de incubação médio 14 dias) a onda de expansão do contagio é exponencial, pois mesmo que apenas 5% dos contactos diários de proximidade de uma pessoa urbana (em média cerca de 70) sejam infetados, temos em média arredondada de 4 casos novos por cada doente, em cada 7 dias, se admitirmos que apenas se dá o contágio em metade do tempo de latência ( e nem precisam de ter contacto muito próximo como no caso do professor de música do ISMAI ou da professora da escola da Amadora que vieram da Itália sem notarem que estiveram próximos de pessoas doentes).
A fórmula que nos dá o número de infetados em expansão sem contenção, ao fim de um certo número de semanas, é: Infetados=Novos casos por pessoa por semana Exp (Nº de Semanas).
Exm:
Estamos a 8,5 semanas depois do aviso de novo vírus, portanto o nº total de infetados deveria ser =4x4x4x4x4x4x4x4 ( quatro elevado à oitava potência e meia) = 131 072 . Como apenas temos confirmados 114 544, significa que as medidas de contenção já estão a ter os seus efeitos.
Contudo, se a taxa de contágio for um pouco superior, isto é se admitirmos que 10% dos contactos ( sete pessoas por doente por semana, apanham o vírus, teríamos Infetados=7 Exp 8,5= 15 252 230 pessoas (cerca de 133 vezes mais). Isto significa que tivemos uma forte contenção inicial.
Mas à medida que o contagio vai sendo mais disperso pelo mundo, em especial pelo mundo ocidental, em que há uma tradição de liberdade de circulação, o número real de doentes irá ficar mais próximo do valor teórico mais desfavorável.
Se não houver medidas de contenção corajosas, na segunda semana do quinto mês, já estarão contaminados praticamente todos os habitantes do planeta e já haverá contaminações repetidas ( mais de 10 mil milhões de contaminados e a população humana são cerca de 9 mil milhões).
Se conseguirmos manter a mesma taxa de contenção, mesmo assim, poderemos ter, já a meio de Abril, cerca de 268 milhões de pessoas infetadas e o número incrível de 939 mil mortos.
Estes números não são para assustar ninguém, mas servem apenas para mostrar que individualmente temos todos de contribuir para aumentar a taxa de contenção (a única salvação que temos), já que os políticos por causa da sua subordinação cega aos interesses económicos imediatos, não fizeram, não estão a fazer, e até parece que nem planeiam ações mais drásticas do que as que fizeram até agora.
Nesse sentido considero que o fecho de fronteiras, o recolher obrigatório, a suspensão dos mercados de capitais e o controlo apertado dos movimentos de capitais, são as medidas mais úteis para bloquear a expansão da doença e conter o caos económico e social que começa a instalar-se, enquanto não aparecer uma vacina ou remédios eficazes. Terá de haver coragem para as implementar no mundo ocidental em que vivemos ou teremos de enfrentar uma catástrofe social e económica de proporções ciclópicas.
Estou seriamente preocupado com todos nós.
Como se diz na China: “Estamos a viver tempos interessantes!” , e eu acrescento: “Mas muito perigosos!”
Governar em épocas de tensão militar, económica, ou social, causadas pelo homem ou pela natureza, exige dos que detêm o poder, além da capacidade técnica e prudência, uma capacidade de decisão rápida e assertiva.
Nestas situações, não se pode governar esperando que o tempo resolva ou acabe por apontar a melhor solução. Em situações de tensão extrema a janela temporal de oportunidade para tomar a decisão certa é muito estreita: às vezes apenas uma questão de minutos.
Era por isso que já há cerca de 2500 anos, na pátria berço da democracia: a Grécia, se substituía a decisão colegial participada dos cidadãos, pela decisão baseada na genialidade de um chefe todo poderoso, muitas vezes um ditador.
Note-se que eu sou republicano e democrata convicto e não sou adepto de monarquias ou ditaduras. Acredito na bondade genérica da decisão colegial mesmo que esse colégio seja socialmente restrito como um parlamento.
Contudo, em situações de crise, a necessidade de uma decisão assertiva e atempada, já então não se compadecia, nem agora se compadece, com os jogos da negociação política democrática dos tempos de normalidade social, necessariamente morosos a obter decisões por maioria expressiva ou por consenso alargado.
A política é jogada num jogo de interesses de pessoas e grupos que de forma legítima procuram alargar a sua influência ou o seu poder na sociedade. No jogo político tradicional, cada parte procura obter vantagem imediata, na esperança de a poder conservar a longo prazo. Raramente se planeia a melhoria sustentada das condições de todos a longo prazo. Na cultura popular diz-se que não importa que eu esteja mal, se os outros estiverem pior do que eu.
A política tradicional joga-se bem quando os adversários são conhecidos e relativamente próximos de nós, em relação aos quais podemos prever ou traçar cenários do seu comportamento, durante um período suficientemente alargado, bem dentro das janelas de oportunidade temporal das das nossas ações.
Quando o decisor se depara com situações imprevistas, com dados que não têm semelhança com a experiência passada, tende na mesma a decidir por analogia, embora possa apresentar alguma criatividade, e, tendo tempo suficiente, pode aprimorar a sua decisão pelo método das aproximações sucessivas, também conhecido por método da tentativa, erro e correção. O grande problema é que nas situações de grande urgência e gravidade, muitas vezes não há tempo para aplicar este método.
Quando se falha morre-se e fora dos jogos virtuais, no mundo real só temos uma vida.
Nesta já pandemia da pneumonia viral COVID-19, estamos numa situação de emergência global, em que se enfrenta um inimigo quase desconhecido, apesar do seu nome genérico ser igual ao de um inimigo bem conhecido: a gripe.
Isto exige decisões rápidas, assertivas e corajosas por parte dos governantes e oposições democráticas. Foi isso que falhou e continua a falhar. A classe política e as classes economicamente dominantes, continuam a fazer os seus joguinhos, como se tivessem todo o tempo do mundo e fosse possível ganhar ou perder, sem consequências globais e potencialmente fatais para muitas pessoas, setores da sociedade, regiões e países. E isto acontece apesar da única solução possível com resultados favoráveis, ser bem conhecida nos seus efeitos positivos e efeitos colaterais negativos.
A única solução atualmente, e desde o início, sempre disponível para os decisores, chama-se contenção e isolamento, que bloqueia, restringe e atrasa a propagação da onda epidémica, durante o tempo necessário para se encontrar outra solução por intermédio das ciências da saúde.
É claro que esta solução tem efeitos colaterais e custos sociais e económicos elevados, mas mesmo assim muito menores a longo prazo, do que os da solução adotada pelos governantes e políticos europeus incluindo os nossos. Eles optaram por deixar a epidemia difundir-se baseados no princípio cínico de que numa guerra, entre mortos e feridos alguém há de escapar.
Uma das considerações que se ouve até na comunicação social, é que esta epidemia só é mais perigosa para as pessoas de idade e com doenças crónicas, em especial as que causem imunodepressão e que comparada com a gripe normal até tem havido menos mortos. Esta afirmação além de um cinismo intrínseco pelo desprezo manifestado pelas gerações mais idosas, passa subrepticiamente a mensagem de que esta classe de cidadãos já são socialmente descartáveis e por isso a sua morte até pode trazer, a médio prazo, benefício económico para a sociedade pela diminuição dos encargos sociais que se tornaram cada vez maiores devido ao envelhecimento populacional acelerado nos países economicamente mais desenvolvidos.
Esta atitude quer dos governantes quer dos líderes da classe política e dos líderes dos setores económicos mais importantes (grandes empresas), norteou ao ação dos que detêm o poder, desde o início do surto em 31-12 2019, até pelo menos 09-03-2020, data em que num país inteiro: a Itália, foi decretada quarentena.
Foi este atraso na decisão, esta falta de coragem, esta falta de visão estratégica, esta negligência dos governantes e líderes político - económicos, focados no lucro imediato e na esperança de que a desgraça só batesse à porta dos outros, especialmente dos mais desfavorecidos económica e socialmente, que fez com que um surto localizado e controlável no seu início, se tornasse uma pandemia global que vai atingir toda a humanidade, em todos os lugares deste planeta, causando fatalidades, crise económica, caos social e sabe-se lá o que mais, se no curto período dos 2 a 3 próximos meses, não for encontrada uma vacina ou tratamento eficazes.
Para a classe política, é habitual que a culpa morra solteira ou que seja passada para a globalidade dos cidadãos, isentando das responsabilidades pelos seus atos ou omissões todos os que exercem o poder.
Contudo, eu e muitos outros estudiosos, já demonstramos que o custo da reposição das condições iniciais, ou seja o apagar do rasto das nossas ações sobre a Terra, é um valor que é obrigatório ter em conta em toda a atividade humana, não podendo o seu pagamento ser postergado para um futuro para lá do horizonte temporal dessas atividades, sob a pena de causar grandes catástrofes sociais e ambientais. Este custo de reposição das condições anteriores ao início da epidemia, seria globalmente comportável, se esta ficasse contida num só país, mesmo que este seja economicamente importante em quase todos os setores da atividade económica e financeira. Não pagar esse custo no início, mantendo abertas fronteiras, não iniciando atempadamente medidas de contenção drásticas e e não ativar medidas de solidariedade entre estados, levou à situação de descontrolo atual que terá custos globais milhares de vezes maiores.
Vide http://penanet.blogspot.com/2011/10/reposicao-das-condicoes-iniciais-e.html
(citação):
“… há uma outra classe de custos que é o do apagar a pegada da nossa passagem pelo mundo, repondo as condições iniciais do enquadramento ambiental e social que permitiram a continuidade da produção e a continuidade das gerações humanas e demais seres vivos.
Esse custo é chamado de REPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES INICIAIS. ...”
Ver também http://penanet.blogspot.com/2018/11/os-custos-escondidos-da-reconstrucao-da.html
e vários outros artigos no mesmo blog onde é abordado o custo dos bens e serviços.
A necessidade de medidas corajosas de contenção, como a restrição da mobilidade de pessoas mercadorias e capitais, advém diretamente das características particulares deste surto e da sua propagação em ambiente de uma sociedade de consumo urbana e globalizada, como passo a demonstrar nos próximos parágrafos, em que analiso um cenário plausível, baseado em dados médios, publicamente aceites para descrever a sociedade e situação atuais.
Infelizmente estão a materializar-se as minhas piores previsões. Esta doença já não é mais um surto local confinado e controlável, mas sim uma pandemia que até pode ficar fora de controlo.
Segundo as informações disponíveis ao dia de hoje 10-03-2020 às 9 h, há 114 544 pessoas doentes confirmadas, com um total de 4026 mortos e apenas 64031 recuperados, o que significa que dos atuais doentes ainda podem morrer mais.
A taxa de mortalidade registada atual é de 3,5 % ou seja cerca de 10 a 30 vezes a taxa média da gripe normal (0,1 – 0,3 %). Na Itália a taxa de mortalidade é muito preocupante mais de 5%. Esta epidemia já está já espalhada por mais de 100 países com contágios locais iniciados e a crescer.
Devido ao elevado tempo de latência (tempo de incubação médio 14 dias) a onda de expansão do contagio é exponencial, pois mesmo que apenas 5% dos contactos diários de proximidade de uma pessoa urbana (em média cerca de 70) sejam infetados, temos em média arredondada de 4 casos novos por cada doente, em cada 7 dias, se admitirmos que apenas se dá o contágio em metade do tempo de latência ( e nem precisam de ter contacto muito próximo como no caso do professor de música do ISMAI ou da professora da escola da Amadora que vieram da Itália sem notarem que estiveram próximos de pessoas doentes).
A fórmula que nos dá o número de infetados em expansão sem contenção, ao fim de um certo número de semanas, é: Infetados=Novos casos por pessoa por semana Exp (Nº de Semanas).
Exm:
Estamos a 8,5 semanas depois do aviso de novo vírus, portanto o nº total de infetados deveria ser =4x4x4x4x4x4x4x4 ( quatro elevado à oitava potência e meia) = 131 072 . Como apenas temos confirmados 114 544, significa que as medidas de contenção já estão a ter os seus efeitos.
Contudo, se a taxa de contágio for um pouco superior, isto é se admitirmos que 10% dos contactos ( sete pessoas por doente por semana, apanham o vírus, teríamos Infetados=7 Exp 8,5= 15 252 230 pessoas (cerca de 133 vezes mais). Isto significa que tivemos uma forte contenção inicial.
Mas à medida que o contagio vai sendo mais disperso pelo mundo, em especial pelo mundo ocidental, em que há uma tradição de liberdade de circulação, o número real de doentes irá ficar mais próximo do valor teórico mais desfavorável.
Se não houver medidas de contenção corajosas, na segunda semana do quinto mês, já estarão contaminados praticamente todos os habitantes do planeta e já haverá contaminações repetidas ( mais de 10 mil milhões de contaminados e a população humana são cerca de 9 mil milhões).
Se conseguirmos manter a mesma taxa de contenção, mesmo assim, poderemos ter, já a meio de Abril, cerca de 268 milhões de pessoas infetadas e o número incrível de 939 mil mortos.
Estes números não são para assustar ninguém, mas servem apenas para mostrar que individualmente temos todos de contribuir para aumentar a taxa de contenção (a única salvação que temos), já que os políticos por causa da sua subordinação cega aos interesses económicos imediatos, não fizeram, não estão a fazer, e até parece que nem planeiam ações mais drásticas do que as que fizeram até agora.
Nesse sentido considero que o fecho de fronteiras, o recolher obrigatório, a suspensão dos mercados de capitais e o controlo apertado dos movimentos de capitais, são as medidas mais úteis para bloquear a expansão da doença e conter o caos económico e social que começa a instalar-se, enquanto não aparecer uma vacina ou remédios eficazes. Terá de haver coragem para as implementar no mundo ocidental em que vivemos ou teremos de enfrentar uma catástrofe social e económica de proporções ciclópicas.
Estou seriamente preocupado com todos nós.
Como se diz na China: “Estamos a viver tempos interessantes!” , e eu acrescento: “Mas muito perigosos!”
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