A Democracia será ainda um sistema legítimo? Estará a ficar obsoleta ?
O sistema de governo predominante no Ocidente, a democracia representativa e em particular a representação popular através de vários partidos políticos já está em vigor há muito tempo.
E, do modo como as coisas estão, não posso deixar de perguntar se é um sistema vivo e funcional ou se estará a chegar ao fim da sua vida.
Quanto mais eu penso sobre sobre estes factos, mais vejo quão inoperantes são os partidos políticos, como são cada vez menos representativos da vontade popular e, de facto, mais distantes da realidade à medida que avança este Sec. XXI.
Comportam-se se todos, quer à direita quer à esquerda, como fossem herdeiros do nazismo de Goebbels, ao tentar construir a realidade que lhes seja mais conveniente, para depois a tentar impor aos seus concidadãos e ao mundo ( veja-se como exemplo o comportamento mentiroso, arrogante, corrupto e conspirativo do Partido Socialista Português e do governo de José Socrates Pinto de Sousa nestes seus dois mandatos), seja pela persuasão, manipulação, propaganda, ou de forma mais directa por imposição.
Quanto mais o tempo passa mais dúvidas eu tenho de que o sistema partidário seja uma boa maneira de organizar a vida política num país que se queira classificar de democrático no sentido etimológico do termo ou seja do Poder do Povo.
Os partidos são, organismos lentos e cristalizados: lentos a evoluir, pouca tolerância às vozes internas que reclamam mudança, purgas frequentes, fechados sobre si mesmos e vivendo numa espécie redoma ideológica que oculta elementos da realidade actual como sejam as elevadas taxas de abstenção eleitoral, o crescente desencanto dos cidadãos com a classe política e os elevados níveis de corrupção que geram desconfiança em relação a essa mesma classe .
Se está claro para a maioria das pessoas que deveríamos substituir os partidos, o problema é que ainda não se sabe pelo que é que deveriam ser substituídos. A substituição de um partido de governo por outro que seja da oposição é uma velha receita estafada, que já cansa mesmo os mais pacientes.Mas a verdade é que temos de encontrar substitutos. E depressa, antes que seja tarde demais.
É importante lembrarmo-nos do facto muitas vezes menosprezado, que muitas das ditaduras nascem e até vivem com um grande apoio popular, precisamente porque os anteriores representantes eleitos pelos partidos ditos democráticos, não foram capazes de se ligar e fazer entender pelo seu próprio povo, o que foi aproveitado pelos ditadores.
E nós em 2010 estamos a enfrentar uma situação semelhante. Não, que se preveja uma eminente mudança de regime (ou regimes na Europa) e o emergir de novos ditadores semelhantes aos do início do Sec XX (nazi-fascismo e estalinismos), mas eu sinto um crescente divórcio entre eleitores e os representantes em quem já não se confia. Estamos claramente perante uma falta de legitimidade do sistema.
Esta situação já aconteceu várias vezes nas últimas décadas como por exemplo: antes da implosão da URSS e de modo semelhante na queda da ditadura portuguesa antes do 25 de Abril de 1974.
Para que um país (ou uma região) esteja maduro para as ditaduras, além da perda de legitimidade da classe politica e dos respectivos partidos tem de acontecer cumulativamente outros factores como a emergência de líderes populistas.Contudo devo reafirmar que o caminho que se está a percorrer indicia com demasiada evidência a direcção de uma futura ditadura.
E o pior, é que se pensarmos um pouco, não é por causa dos políticos e dos cidadãos, por vezes, parecem viver em realidades diferentes, se não opostas. Não, o que eu acho realmente mau e perigoso é que essa falta de conexão entre eleitos e eleitores, parece importar importar cada vez menos a estes últimos , e que a resposta dos cidadãos ao comportamento da classe política, seja cada vez mais desprezar a política e a governação com a consequente perda de valores e referências.
Se acontecerem situações de extrema tensão social, como o desemprego descontrolado ou o ruir do sistema financeiro, que é o suporte do modo de produção capitalista actual, em simultâneo com a perda da legitimidade dos governantes e com divisões ao nível dos poderes do estado, temos todas as condições para que vença a tentação ditatorial totalitária, quer seja de um só homem quer seja de um ou mais partidos com a consequente perda das liberdades e o bloqueio do aprofundamento da quarta revolução da igualdade.
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