Dissertação sobre certezas previsões
e profecias (parte 3)
Teorema de Thomas e as profecias autorrealizáveis
Nas ciências sociais estudam-se casos de “profecias” que
depois de serem conhecidas se verificam, ou seja autorrealizam-se depois de
divulgadas. Este fenómeno intrigou muitos estudiosos e levou os americanos W.I.
Thomas e D. S. Thomas a formularem em 1928 uma teoria segundo a qual "Se as pessoas definem certas situações
como reais, elas são reais em suas consequências." ( citação da Wikipédia), o que quer dizer que as ações (acontecimentos
objetivos) são desencadeadas ou pelas perceções subjetivas, tidas pelos
observadores intervenientes nas situações em que essas ações se podem enquadrar.
A definição
e interpretação de uma situação causa a ação.
A seguir apresentam-se alguns exemplos clássicos que
justificam este teorema:- Durante a crise do petróleo de 1973 houve o chamado "pânico do papel higiénico". Correu então um boato de que haveria uma imediata falta de papel higiénico - resultante de uma acentuada diminuição na importação de petróleo bruto . Isso levou as pessoas a armazenarem papel higiénico para além das necessidades domésticas imediatas, o que provocou uma escassez real no mercado, que parecia validar essa notícia.
- Robert K. Merton estudou a corrida aos bancos, verificando que, quando se difunde o boato de que um banco está em dificuldades, os corretores e os investidores institucionais apressam-se a levantar os valores ali depositados e a terminar outros negócios em curso , de modo que o banco acaba mesmo por falir.
- Uma pessoa acredita que ninguém gosta dela. Em consequência torna-se antipática, o que leva a que, de facto ninguém goste dela.
Uma profecia autorrealizável (A expressão foi inventada
pelo sociólogo
Robert K. Merton, que elaborou o conceito (self-fulfilling
prophecy) no seu livro Social Theory and Social Structure, publicado
em 1949 ) é na sua
origem um prognóstico, em geral sem qualquer fundamento que, ao transformar-se
em crença coletiva, provoca a sua própria concretização. Quando as pessoas
esperam ou acreditam num acontecimento iminente, agem como se a previsão já
fosse uma realidade e assim a previsão torna-se profecia acabando por se
realizar de facto. Ao ser assumida como verdadeira ( embora seja falsa ) uma
previsão pode influenciar o comportamento das pessoas, seja por medo ou por
confusão lógica, de modo que a reação delas acaba por tornar a essa previsão em
facto real, tornando-a indistinguível de uma profecia realizada num sistema
cibernético.
Nas palavras de Merton: “A profecia autorrealizável é, no
início, uma definição falsa da situação, que suscita um novo comportamento e
assim faz com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira.” ( Merton,
Robert K (1968). Social Theory and Social Structure. New
York: Free Press. pp. p. 477 "The self–fulfilling prophecy is,
in the beginning, a false definition of the situation evoking a new behaviour
which makes the original false conception come 'true'. ". ISBN 9780029211304. OCLC 253949)
Citando http://www.psicologia.pt/noticias/ver_noticia.php?codigo=NO01176 “As profecias autorrealizáveis ocorrem em
todos os contextos interativos onde os humanos são autores e sujeitos da crença,
e simultaneamente visados por ela. Para além da psicologia, podemos
encontrá-las na política, na sociologia e na economia.”
Já na antiguidade clássica grega se estudavam estes factos como
prova o mito de Pigmalião. Vide : http://www.psicologia.pt/noticias/ver_noticia.php?codigo=NO01176
ou http://amitologianahistoria.blogspot.pt/2010/07/mitologia-grega-pigmaliao.html
De tudo o que foi exposto anteriormente pode-se concluir que existindo
informação atuante (que desencadeia ações ao ser processada) e uma sistema
cibernético ou social interativo (que a processa), as pessoas ao utilizar essa
informação atuante podem desencadear e controlar ações futuras como se tivessem
poderes mágicos ou sobrenaturais para profetizar.
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