16 setembro 2017

Progressista - Parte 2

Critério para aderir a uma organização política
 Como se viu na primeira parte deste artigo o posicionamento político baseado nas categorias tradicionais: esquerda, centro, direita e suas subdivisões tem muita probabilidade de dar resultados ambíguos, indefinidos ou mesmo contraditórios e na prática só é útil para quem quer prosseguir uma carreira político-partidária. Em contrapartida, o critério baseado nas categorias progressista, conservador e reacionário é muito mais objetivo, pois “mede” o desenvolvimento social e civilizacional por intermédio de variáveis concretas e pode ser devidamente validado pelo método científico (contraditório interpares, concordância com resultados experimentais e validação lógico-matemática).   
Pessoalmente defendo uma atitude progressista sensata, ou seja, sempre a favor do progresso e desenvolvimento social, civilizacional, científico e tecnológico, mas sempre a medir todas as consequências de cada passo dado. O progresso não é um fim em si mas um meio se alcançar um nível cada vez mais elevado de felicidade ou satisfação individual e coletiva. As pessoas consideradas individual e coletivamente são o objeto e o objetivo da ação política.
A sociedade atual enfrenta desafios e problemas nunca antes encontrados pela humanidade. Temos mesmo por cima das nossas cabeças o perigo da extinção da espécie humana (homo sapiens sapiens), pela guerra ou pelo esgotamento de recursos e enfrentamos ainda o perigo de uma extinção em massa da vida na terra, como consequência das alterações climáticas potenciadas ou mesmo causadas pela atividade humana.
Enfrentamos o desafio de completar as quatro revoluções da igualdade incluídas na civilização atual, estendendo-as a todos os seres humanos habitantes do nosso planeta. (igualdade perante Deus para todos os crentes e de todos entre si para os não crentes: tolerância e respeito pelo próximo , igualdade perante a lei e o estado: justiça e equidade, igualdade perante os bens materiais: acesso aos recursos económicos democratizado, igualdade perante os bens espirituais: conhecimento e informação disponível para todos).
Enfrentamos o desafio de conviver com inteligências não humanas (inteligência artificial e outros seres vivos inteligentes )
Enfrentamos o desafio de fazer um desenvolvimento sustentável que proporcione um legado para as gerações futuras e  preserve as conquistas civilizacionais e a natureza
Estes e outros perigos e desafios materializam as causas cívicas que movem pessoas e organizações. Em função da sensibilidade individual para as causas, uma pessoa com atitude progressista escolherá as organizações cívicas com quem colaborar ou a organização partidária onde militar.
Deve-se ter sempre em atenção que num partido se tem de respeitar uma ideologia institucional, uma hierarquia rígida, um conjunto de compromissos e ideais pouco flexíveis (só podem ser mudados em congressos ou reuniões magnas) e rituais ou procedimentos fixos e pré-definidos. Um partido político é  uma organização muito formal e no mínimo bastante conservadora (Ainda não se inventaram partidos intrinsecamente progressistas). Quando se adere a um partido é como num casamento: faz-se um contrato de exclusividade e fidelidade limitando voluntariamente a suas liberdades individuais de ação, em troca de estabilidade e carreira política.

As organizações cívicas por sua vez são em geral muito menos formais e muito menos hierarquizadas, além de estudarem e promoverem as respetivas causas cívicas com muito mais entusiasmo, mais pormenor e maior profundidade, beneficiando muito mais cedo de todos os conhecimentos científicos adquiridos pela humanidade. Podemos considerar que as organizações cívicas são muito mais adaptáveis à mudança ou seja, intrinsecamente mais progressistas. E, além do mais, estão muito mais próximas dos cidadãos do que os partidos políticos. 
Um apoiante de uma causa cívica tem muito mais liberdade ação para “mudar o mundo” do que um militante partidário. Contudo, não beneficia do “efeito de rebanho”, nem do exercício dos poderes políticos legislativo e executivo, privilégios que nas democracias representativas atuais apenas são outorgados aos partidos políticos. O ativismo numa organização cívica pode dar prestígio mas quase nunca dá uma carreira ao contrário da militância num partido político

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